A Ferrous Resources, mineradora de ferro com sede em Belo Horizonte (MG), continua na busca de um sócio estratégico para levar avante seu projeto, com instalações em Minas Gerais e Espírito Santo. A primeira fase de instalação de minas, mineroduto e porto, com capacidade anual de 25 milhões de toneladas, está orçada em US$ 6 bilhões.
A empresa não quis comentar notícia de ontem da "Bloomberg" relatando que a Ferrous fez uma proposta de US$ 2,3 bilhões pela MMX Mineração e Metálicos, de Eike Batista, dentro de um plano de união de ativos. As duas companhias têm jazidas e minas no Quadrilátero Ferrífero de Minas.
"Já estamos há algum tempo empenhados na busca de sócios estratégicos para nosso projeto e temos tido conversas com vários potenciais candidatos. É só isso que posso dizer", afirmou o presidente do conselho de administração da empresa, Jório Dauster.
Segundo a notícia, a Ferrous enviou uma carta ao conselho de administração da MMX em 19 de dezembro, assinada por seus conselheiros e acionistas. Na proposta, os controladores da Ferrous ficariam com 53% da nova companhia, cabendo 47% aos acionistas da MMX. Conforme o documento, as duas empresas mantiveram conversações sobre uma fusão nos últimos 18 meses.
A fusão, aprovada por 72% dos acionistas da Ferrous criaria uma empresa de US$ 4,87 bilhões, informa carta obtida pela Bloomberg. A carta pedia uma resposta até 10 de janeiro. Em nota, a MMX informou que "não tem qualquer interesse no projetado negócio".
Segundo Dauster, desde 2010, a Ferrous delegou ao Deutsche Bank a busca de um comprador para seus ativos ou um sócio estratégico para ajudar a tocar seu bilionário plano de investimento. No momento, informou, a empresa tem em caixa US$ 200 milhões. Na época de sua criação, alguns anos atrás, a Ferrous, constituída na Ilha de Man, levantou US$ 1,4 bilhão com vários investidores.
Para fontes do setor, uma união com a MMX faria sentido, pois a Ferrous não tem canal de escoamento para sua produção e, no futuro, mesmo que faça seu mineroduto, parte do minério dependerá de transporte ferroviário. A MMX está montando o porto Sudeste, no litoral de Sepetiba (RJ), o qual poderia ser uma porta de embarque ao exterior.
Dauster destacou que a Ferrous não é mais uma empresa de papel. "No ano passado produzimos 1,8 milhão de toneladas e exportamos 1,7 milhão de toneladas, principalmente para a China", informou. Neste ano, disse, deverá alcançar entre 3,5 milhões e 4 milhões de toneladas e já tem garantido no porto da Vale, em Sepetiba (RJ), para embarque de 700 mil toneladas neste semestre.
Os ativos da Ferrous são formados por cinco minas - Serrinha, Esperança, Santanense, Viga do Norte e Viga -, próximas de Belo Horizonte. A mina de Viga é vizinha de Casa de Pedra, da CSN. "Nossos recursos minerais já somam 5,2 bilhões de toneladas e estamos com novas pesquisas que poderão adicionar outros 2 bilhões de toneladas", informou o presidente do conselho.
A meta da Ferrous é produzir, numa primeira fase do projeto, até 2016, 25 milhões de toneladas de minério por ano. Na segunda etapa, o projeto prevê alcançar 50 milhões de toneladas. Com isso, quer ser a quarta maior exportadora de minério de ferro do mundo, disse o executivo. "Vamos precisar de parceiro para concretizar esse plano".
O projeto de investimento prevê a construção de um mineroduto de 400 km para transportar o minério superfino - 70% do total - até um terminal portuário no município de Presidente Kennedy (ES). No local, a empresa planeja transformar o minério em pelotas e até em aço. O mineroduto e o porto já têm licença prévia.
No ano passado, surgiram rumores de que a Ferrous e a BHP Billiton negociavam um acordo.
Fonte: Valor / Por Ivo Ribeiro
PUBLICIDADE