A integração entre os países, por meio da ampliação das fronteiras, deve ser tratada como o caminho mais fácil para o desenvolvimento econômico da América Latina. A afirmação do embaixador e diretor do Departamento da Associação Latino-Americana de Integração (Aladi), do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, Paulo Roberto Caminha de Castilhos França, encontra reflexos diretos no desempenho comercial e, segundo ele, será reforçado a partir de 2019, quando caem as últimas barreiras de produtos entre os integrantes do bloco. A data ainda coincide com a conclusão da primeira etapa do Plano de Investimentos em Infraestrutura no Brasil, prevista para daqui a cinco anos, o que deve beneficiar a formação de um cenário favorável à consolidação do comercio exterior.
“São acordos de complementação econômica no âmbito da Aladi e que delimitam este teto. Efetivamente, é o último ano para que ocorram as liberalizações de produtos sensíveis às economias nacionais e já está previsto nos programas de desgravação tarifária. Existem produtos agrícolas e manufaturados que nos interessam e vão gerar o adensamento de nossas relações. O fato de zerarmos as tarifas em 2019 ainda significará 100% de preferência aos países do bloco”, elucidou o diplomata nesta quinta-feira, na Fiergs, em Porto Alegre, durante encontro do Comitê das Rotas de Integração da América do Sul (Crias).
Para o coordenador do grupo, Joal Teitelbaum, o aporte de R$ 133 bilhões em infraestrutura anunciado pelo governo federal, em agosto, determina um posicionamento adequado à abertura destes novos caminhos. “Consideramos um chamamento, que precisa ser aceito por nós, da iniciativa privada”, defendeu ao avaliar que apenas a primeira parcela, de R$ 79,5 bilhões, prevista para os próximos cinco anos, será responsável por acréscimos de 2% na composição do PIB nacional.
Neste contexto, França identificou uma nova organização de economia global, que exige aprendizado e investimentos, principalmente por parte dos emergentes. É o caso do México, que possui um déficit comercial de US$ 40 bilhões com a China, entretanto, utiliza as importações para alavancar as exportações (cerca de 85% são destinadas aos Estados Unidos). “Existe uma tendência de se desconsiderar o comércio entre os países em desenvolvimento, mas as cifras acabam nos comprovando o contrário”, assegura ao elencar a progressão das negociações na esfera da Aladi.
De acordo com o diplomata, enquanto as vendas nacionais para os Estados Unidos chegam a US$ 60 bilhões, apenas na associação que envolve 13 países - da América do Sul, junto com Panamá, Cuba, Nicarágua e México - ultrapassam os US$ 86 bilhões. Além disso, 80% das saídas brasileiras são compostas por manufaturados. “O ingresso da Venezuela no Mercosul será mais benéfico. Há possiblidades de investimentos e uma capacidade de absorção enorme em razão do tamanho da economia e o potencial de petróleo. Em todos os aspectos, é uma adesão que significa maior dinamismo de negócios, sobretudo com a ampliação dos horizontes em direção ao Caribe e à América Central”, justifica.
Fonte: Jornal do Commercio/RS / Rafael Vigna
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