O Fundo Monetário Internacional (FMI) pretende levantar até US$ 500 bilhões em recursos adicionais para empréstimos. A cifra é baseada em sua estimativa de que nos próximos anos as necessidades globais de financiamento chegarão a cerca de US$ 1 trilhão, informou nesta quarta-feira um porta-voz do organismo.
"Esse total (de US$ 500 bilhões) inclui o recente compromisso europeu de cerca de US$ 200 bilhões em recursos ampliados para o Fundo. Neste estágio preliminar, nós estamos explorando opções para levantar recursos e não teremos comentários adicionais até que as consultas necessárias com os membros do Fundo sejam concluídas", acrescentou o porta-voz em nota divulgada pelo FMI.
Em novembro, os países do G-20 discutiram um acordo para aumentar os recursos disponíveis do FMI em US$ 300 bilhões, por meio de novas contribuições, o que elevaria a US$ 700 bilhões a capacidade de empréstimo do fundo para servir de proteção contra o contágio da crise na zona do euro.
A capacidade total de resposta à crise poderia chegar a US$ 1 trilhão, se houvesse acordo também para o FMI fazer nova alocação de US$ 250 bilhões em Direitos Especiais de Saque (DES), sua moeda virtual, para reforçar a liquidez global. Essas cifras estavam colocadas entre colchetes em documento ao qual o Valor teve acesso na época, mas não houve acerto para o aumento dos recursos.
O secretário de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda, Carlos Márcio Cozendey, que está no México para a reunião de vice-ministros de Finanças e diretores de bancos centrais do G-20, afirmou ao Valor que esse será um dos temas discutidos nesta semana, "mas provavelmente só haverá decisão na reunião dos ministros no fim de fevereiro".
"Nessa oportunidade pode ser que o FMI dê uma estimativa de suas necessidades. Pelas conversas prévias, o quadro não é muito diferente do que prevalecia em Cannes, com vários países cobrando dos europeus medidas mais fortes e claras quanto ao 'firewall', o que no momento se traduz principalmente em recursos para o fundo de estabilização", acrescentou.
"O Brasil continua com enfoque positivo no sentido de garantir que o fundo tenha os recursos necessários e entendemos que o formato discutido em Cannes deve permanecer como a opção básica: acordos bilaterais pelos quais os países colocam à disposição do fundo linhas de crédito para utilização por qualquer país que precisar, de forma temporária."
Segundo ele, não haveria vinculação direta com o tamanho das cotas porque está sendo implementada a última reforma "e não daria para fazer nova reforma agora". "Mas esse esquema só valeria até a próxima reforma de cotas, prevista para 2013/2014, conforme o comunicado de Seul do G-20. Nós apoiamos também uma nova emissão de SDRs (Direitos Especiais de Saque, na sigla em inglês)", disse.
Fonte: Valor Econômico
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