No último dia nove de março a imprensa noticiou a queda brusca e repentina de 20% na cotação de commodities, o que fez com que o petróleo chegasse a valores mínimos da série histórica, na faixa de US$ 30/ barril, de acordo com dados apresentados pela Confederação Nacional do Transporte (CNT).
A causa da redução tem relação com a disputa entre a Rússia e a Arábia Saudita, dois grandes ofertantes no mercado global. Ambos os países divergem sobre qual seria a melhor estratégia de controle da sua produção, com o objetivo de estabilizar os preços em um cenário de incertezas, sobretudo devido aos efeitos econômicos do COVID-19.
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Na análise do CNT, em um primeiro momento o efeito da queda no preço do petróleo para o setor de transporte tende a ser positivo. Isso porque a Petrobras adota uma política de preço que tem como base a paridade com o mercado internacional, o que deve fazê-la baixar os preços dos seus derivados.
Entretanto, os efeitos da redução do preço do barril podem ser anulados em decorrência do movimento de depreciação da moeda brasileira frente ao dólar percebida recentemente. Afinal, o preço do combustível no mercado é composto, entre outros aspectos, pelo valor do barril de petróleo e pela taxa de câmbio.
A CNT conclui, desse modo, que caso a forte queda da cotação internacional do petróleo não for afetada significativamente pela atual taxa de câmbio desvalorizada, e se o preço final do combustível for repassado, será bom para o setor de transporte.
Por outro lado, a Confederação destaca que a brusca queda do preço do óleo somada à crise do coronavírus, gerou insegurança nos mercados a nível global. Isso tem provocado queda dos principais ativos e provável desaquecimento da economia no mundo todo, inclusive no Brasil.
Além disso, dados mostram que a da atividade econômica do Brasil é bastante aderente ao ciclo de preços das commodities. Portanto, um ciclo de forte queda desses preços tende a gerar efeitos recessivos para a economia brasileira, já fragilizada pela lenta recuperação econômica, conforme avaliou a CNT. Isso pode ocorrer, por exemplo, via redução das receitas de exportação, redução da liquidez internacional e aumento da aversão ao risco dos investidores externos, comprometendo o fluxo de capitais para o Brasil.
Assim sendo, ainda que a variação do preço do petróleo proporcione um cenário com custos menores, os transportadores poderão enfrentar, nas próximas semanas ou meses, um cenário com demanda reduzida. Isso aumenta o custo da ociosidade, o que é negativo para o setor.