A gigante petrolífera Royal Dutch Shell acertou a compra de 100% da Sonnen, uma companhia alemã que concorre com a Tesla e a Samsung no fornecimento de baterias de íon de lítio de uso residencial alimentadas por energia solar. As condições e o valor do negócio, anunciado nesta sexta-feira (15), não foram revelados.
A Sonnen, fundada em 2010, tornou-se a maior fabricante europeia de packs de baterias recarregáveis. A empresa já instalou mais de 40 mil unidades, produzidas em suas três fábricas, na Alemanha, Austrália e Estados Unidos.
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No início das operações, a Sonnen recebeu investimentos da GE Ventures, da chinesa Envision Energy e da Munich Ventures Partners.
O primeiro investimento da Shell na empresa alemã foi feito em maio de 2018, como parte de sua área de Novas Energias, que desde 2016 tem se dedicado à transição para o uso de combustíveis alternativos no transporte e na energia elétrica, trabalhando na geração, compra, venda e fornecimento de eletricidade para seus clientes.
“A Sonnen é uma das líderes mundiais em sistemas inteligentes de armazenamento de energia [de geração] distribuída e tem um histórico de inovação voltada ao consumidor. O controle integral da Sonnen vai permitir que ofereçamos mais opções aos clientes interessados em energia confiável, mais limpa e de preço acessível”, disse Mark Gainsborough, chefe da área de Novas Energias da Shell.
As grandes petrolíferas preparam-se para a transição mundial rumo ao uso de combustíveis mais limpos, o que tem obrigado algumas delas a repensar seus modelos de negócios. Grandes nomes da Europa, como Shell, Total e Repsol, vêm promovendo aquisições na cadeia de fornecimento de eletricidade — desde firmas de geração de energia até as de carregamento de veículos elétricos — e entrando no mundo do fornecimento de energia residencial.
A Shell prevê um futuro no qual o gás não será usado apenas para gerar eletricidade, mas também como sistema de apoio para as fontes renováveis. Em 2018, a petrolífera comprou a First Utility, uma fornecedora britânica de energia que lhe deu acesso direto a consumidores varejistas de eletricidade pela primeira vez em sua história, e a New Motion, uma das maiores empresas europeias de carregamento de veículos elétricos.
A compra da Sonnen adequa-se bem ao orçamento da área de Novas Energias da Shell, de US$ 2 bilhões, segundo a petrolífera anglo-holandesa. A Shell pretende alocar 80% desses recursos ao setor de eletricidade no período até 2020. Ainda assim, a quantia é apenas uma fração de seu orçamento anual de investimentos em bens de capital, de US$ 25 bilhões ao ano, e a Shell encontra dificuldades para fazer com que esses novos empreendimentos gerem receitas que se equiparem às de suas operações tradicionais de exploração e produção de petróleo e gás.
"Parceira perfeita"
Quando a Sonnen começou, vendia os conjuntos de baterias por 25 mil euros cada. Em 2017, o custo havia caído para 5 mil euros.
A firma foi fundada por Christoph Ostermann, de 48 anos, um empreendedor contumaz, que fundou cinco empresas desde que abandonou o colegial.
Na sexta-feira, ele descreveu a Shell como “a parceira perfeita” para ajudar a Sonnen a expandir-se em novos mercados. “A Shell vai ajudar a impulsionar o crescimento da Sonnen a um novo patamar e ajudar a acelerar a transformação dos sistemas de energia”, disse.
Diversificada
O diferencial da Sonnen em relação à Tesla e à Samsung é o fato de oferecer diversos serviços. Em 2015, lançou a “sonnenCommunity”, uma rede virtual que permite aos usuários, mediante uma taxa mensal de 20 euros (US$ 22,54), comprar e vender energia excedente a outros membros, a custos reduzidos. Se a comunidade não usa a energia gerada, a Sonnen a vende à rede.
Outro é o sonnenFlat, que eliminou as taxas mensais completamente, transformando as baterias residenciais em uma “usina de energia virtual” descentralizada, que, quando necessário, absorve ou libera o excedente de energia, ajudando, portanto, a mitigar as flutuações no fornecimento de energia.
A Shell e a Sonnen anunciaram nesta sexta-feira que ambas vão trabalhar juntas em “serviços de energia integrados e soluções de carregamento de veículos elétricos”, assim como na expansão da rede de serviços da Sonnen.
Fonte: Valor