Usinas eólicas cearenses tornam-se paisagem cada vez mais comum. A Fuhrländer está de olho neste mercado
O investimento em novas unidades em solo cearense soma aproximadamente 60 milhões de euros
Berlim Depois de se tornar o maior produtor de energia eólica do Brasil, o Ceará deverá ganhar agora a sua primeira fábrica montadora de aerogeradores, a ser instalada no Complexo Industrial e Portuário do Pecém. Após reunião com a alemã Fuhrländer, na última segunda-feira, em Siegen, na Alemanha, o presidente da Agência de Desenvolvimento Econômico do Estado (Adece), Antônio Balhmann, informou que o antigo projeto da empresa no Estado irá, neste ano, sair do papel. E mais: em parceria com outra investidora internacional e com uma nacional, a Fuhrländer irá montar na localidade uma espécie de cluster, com a instalação de mais duas unidades fabris, sendo uma de pás e outra de torres para aerogeradores.
Área terraplanada
"A Fuhrländer já possui uma área no Pecém terraplanada. Existe, inclusive, um protocolo de intenções assinado com o Estado para a instalação da fábrica. Entretanto, em função das incertezas que existiam no mercado brasileiro de energia eólica, a empresa teve dificuldade de construir a unidade. Mas agora, diante do primeiro leilão de energia do tipo, ocorrido no ano passado, e pelo interesse da empresa em participar dos próximos leilões, assim como por uma maior confiança no mercado brasileiro do segmento, veio a possibilidade da instalação definitiva da fábrica", justifica Balhmann. Segundo o presidente da Adece, a expectativa é de que as obras tenham início no segundo semestre desse ano, para estar em operação entre os primeiros seis meses de 2011. O investimento nas três novas unidades soma aproximadamente 60 milhões de euros. Ele adianta que já está autorizada pelo governador Cid Gomes a desapropriação de áreas próximas ao terreno da Fuhrländer para a implantação dessas outras unidades que estão chegando. "É importante frisar que estes novos empreendimentos estarão localizados próximos à fábrica já existente no Pecém da Wobben Windpower, que é pioneira na construção de pás de torres eólicas no Ceará", destaca.
Demanda do Ceará
Segundo Balhmann, os empreendimentos são considerados de grande porte, e irão atender à demanda não somente do Ceará, como de outros estados e até mesmo de países do exterior, como Estados Unidos e localidades no Caribe. "A escolha do Pecém tem a ver com sua localidade estratégica, permitindo atender com facilidade esses outros mercados", destaca. Pensando nesse filão, empresários chineses também já estiveram no complexo para estudar a possibilidade de investir em projetos eólicos por lá.
Balhmann informa que, à exceção da planta de aerogeradores, os empreendimentos já poderão servir aos novos parques eólicos a serem instalados em decorrência do último leilão de energia dos ventos. A unidade de montagem de aerogeradores terá capacidade de produção equivalente a 200 megawatts (MW) por ano. Já a de pás poderá fabricar 450 unidades anualmente. Os projetos em fabricação de torres no local permitirão a produção de cerca de 100 unidades/ano. Estas novas fábricas ocuparão uma área de 240 mil metros quadrados.
O presidente da Adece ressalta ainda o trabalho de treinamento que será feito com a mão-de-obra local. "Eles (a Fuhrländer) vão incorporar a estrutura de capacitação e treinamento que a empresa tem na Alemanha. A empresa já prestou serviço para a China, onde formou mão-de-obra para a produção de mais de 3 gigawatts (GW) com sua tecnologia. Desta forma, técnicos e operários virão para a Alemanha e instrutores daqui irão para o Brasil", diz. Ele acrescenta que esse trabalho no Pecém será feito em parceria com o CTTC, que será instalado no complexo.
Apesar de não poder informar que empresa está envolvida na instalação da fábrica de torres, ele adianta que esta a construirá em parceria também com uma empresa nacional, a Torres do Brasil, que já foi constituída para esse fim.
Eólica no Pecém
O Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP) deverá contar com uma usina eólica que destine a sua produção para os seus próprios empreendimentos industriais, ao invés de repassar a energia para o Sistema Integrado Nacional (SIN), como ocorre com os outros parques eólicos. O projeto vem de uma antiga concessão que o Governo do Estado possuía, mas que só agora será levada à prática. "A usina será operada por uma empresa pra fim específico, que poderá administrá-la com a participação da CearáPortos. Vamos começar esse projeto. Já estamos finalizando a constituição da empresa e a questão jurídica e institucional para a distribuição dessa energia. A ideia é que ela alimente as indústrias do complexo, mas estas questões estão sendo avaliadas", explica Balhmann. O investimento no projeto está estimado em US$ 120 milhões e será financiado pela empresa a ser formada pela associação do governo com a iniciativa privada. O parque terá capacidade para produzir 60 MW de energia, sendo implantado em duas fases, iniciando com 30 MW para depois duplicar. A previsão é de que as obras tenham início ainda este ano, para que o parque possa operar a partir de 2011.(Fonte: Diário do Nordeste/CE/SÉRGIO DE SOUSA)
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