Após vários meses sem se pronunciar sobre a Premium II, Petrobras reafirma projeto e explica adiamento na refinaria
A ausência do licenciamento ambiental para implantação da refinaria Premium II no Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp) foi apontada ontem pelo presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, como a razão pela qual a companhia adiou o cronograma de operação da usina, passando de 2014 para 2017. O empreendimento faz parte do plano da empresa de ampliação de sua capacidade de refino, contudo, entre as novas unidades planejadas, é a única que ainda não deu início às obras. "O problema não é nosso, é de licenciamento. Não tem licenciamento hoje, e a Petrobras não pode fazer nada", afirmou Gabrielli, durante coletiva no Rio de Janeiro, após cerimônia de inauguração da ampliação do centro de pesquisa da empresa, o Cenpes, que contou com a presença do presidente Lula. O adiamento das operações da refinaria cearense foi anunciado dentro do Plano de Negócios para o período 2010-2014, e divulgado com exclusividade pelo Diário do Nordeste na edição de 22/06/2010.
Interesse mantido
O presidente da estatal, contudo, descartou a dedução de que a Petrobras estaria com um menor interesse pela unidade de refino cearense. A interpretação se tornara possível uma vez que inúmeros analistas chegaram a afirmar que bastaria aos planos da petrolífera uma única Premium, que seria a que já avança no Maranhão, e fora reforçada com o retardamento do cronograma da usina. A refinaria cearense virá depois da maranhense (programada para a primeira fase em 2014 e a segunda em 2016), da pernambucana Abreu e Lima (2013) e após a ampliação da refinaria Clara Camarão, no Rio Grande do Norte (2010), para ficar somente entre os projetos nordestinos.
Questionado se o Ceará correria ainda o risco de perder o empreendimento, Gabrielli respondeu: "não tem chance de perder ou ganhar, porque ninguém tá dando prêmio ao Ceará. A refinaria no Ceará é o melhor lugar pra localizar a refinaria". Aqui, o presidente contrapõe afirmações do mercado de que a decisão por uma usina de refino no Ceará teria sido mais política do que estratégica aos negócios da empresa.
"Nós vamos dobrar a produção de petróleo para 2020. Se nós considerarmos que o Brasil vai crescer 4% ao ano, a demanda para derivados de petróleo vai crescer 3,6% ao ano. Se isso acontecer, vamos botar mais um milhão e meio de barris (de petróleo) a mais de demanda de derivados até 2020. (...) Investir em refino é necessário. Tem que equilibrar a produção de petróleo com a de refino. É o que todas as grandes empresas de petróleo do mundo fazem", defendeu. "O nosso plano pra 2014 leva em conta essa expansão pra atingir 3,4 milhões de barris de processamento em 2020 (hoje são 2,2 bilhões de barris diários), o que envolve a Premium I e II, a Clara Camarão, o Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro) e a Abreu e Lima".
TERRENO AGUARDADO
EIA/Rima deve estar concluído neste mês
Rio Sérgio Gabrielli afirmou que a estatal continua trabalhando na refinaria cearense. "(A Petrobras) contratou estudo de impacto ambiental, está esperando a liberação do terreno pelo Estado pra iniciar as atividades de terraplanagem, está contratando o desenho do projeto...", aponta. Até o fim deste mês ou início do próximo o Estado e Relatório de Impacto Ambiental (EIA/Rima) da Premium II deverá estar concluído, documento necessário para que a empresa possa dar entrada no licenciamento ambiental do empreendimento na Superintendência Estadual de Meio Ambiente (Semace). Quanto ao terreno, o Governo do Estado está atrasado na desapropriação da área para a usina e entrega da sua posse à Petrobras, ações programadas para agosto último.
Lula vê transparência
O presidente Lula da Silva disse ontem que a Petrobras, antes uma "caixa preta´´, tornou-se uma "caixa branca´´ e uma empresa "transparente´´. "Nem tão assim, mas transparente´´, ponderou, em seguida. Ele discursou no batismo da plataforma P-57 da estatal.
Fonte: Diário do Nordeste (CE)/SÉRGIO DE SOUSA*
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