Após um longo período de desinvestimentos de ativos de baixa rentabilidade na Europa, EUA, América Latina e Índia, o grupo Gerdau está voltando às compras no Brasil. O Valor apurou que a companhia está negociando a aquisição da Siderúrgica Latino-Americana (Silat), localizada em Caucaia, no Ceará, que pertence ao grupo espanhol Hierros Añón.
A Silat, criada em 2011 e com início de operação em meados de 2014, é produtora de aços longos, produto usado na construção civil. A empresa tem capacidade instalada anual para fazer 600 mil toneladas de vergalhões e fio-máquina e 60 mil toneladas de malhas eletrosoldadas. O grupo investiu centenas de milhões de reais no projeto, recebeu incentivos governo cearense e uma participação acionária de 10% por meio da Adece (agência estadual).
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A companhia disputa o mercado das regiões Nordeste e Norte e fica a cerca de 20 km da Gerdau Cearense, siderúrgica que o grupo gaúcho opera há várias décadas no Ceará e faz por ano 160 mil toneladas de produtos laminados.
O grupo Añón tinha um projeto mais ousado para o Brasil, desenhado em várias fases: além da fábrica atual, instalar uma aciaria de tarugos e até fazer aços planos laminados no Ceará, com investimentos superiores a R$ 1 bilhão. Porém, com a crise do país, investiu apenas na laminadora de vergalhões e fio-máquina, usando como matéria-prima tarugo importado. No início, trazia da China.
A operação da Silat, no entanto, não se mostrou competitiva nesse modelo e o grupo conduzido por Manuel Añón decidiu se desfazer do negócio e concentrar o foco na Espanha, principalmente na região da Galícia. Por isso, a empresa estaria produzindo em torno de um quinto da capacidade - cerca de 100 mil toneladas.
Para a Gerdau, o ativo é interessante, pois fortalece sua posição na região Norte-Nordeste. Poderia suprir a fábrica da Silat com tarugos produzidos em Ouro Branco (MG), na Gerdau Açominas.
Segundo fontes do setor, o valor do negócio com a Gerdau é da ordem de US$ 100 milhões. A venda da Silat teria atraído também o grupo mexicano Simec, que chegou a ter negociações avançadas com o Añón e fechar, verbalmente, os termos de uma proposta na faixa de US$ 80 milhões. Mas as conversas foram suspensas pelo vendedor ante uma oferta mais atrativa da Gerdau. A Simec levaria matéria-prima de sua fábrica de Cariacica (ES) e entraria no Nordeste.
Procurada, a Gerdau informou que "não comenta rumores de mercado". Um representante de Manuel Añon na Silat disse que a empresa não comentaria o assunto. A Simec não se pronunciou a respeito. A Adece informou que não tinha conhecimento da venda do controle da Silat até agora.
Fonte: Valor