A Glencore se livrou de um grande obstáculo às suas ambições de se tornar uma companhia de mineração de ferro ao fechar um contrato de US$ 1 bilhão com o governo da Mauritânia, país no leste da África. O acordo lhe dará acesso a vias férreas e portos do país.
A gigante das commodities quer expandir suas operações para minério de ferro, um ingrediente importante na fabricação de aço e uma importante fonte de lucros para concorrentes, como Rio Tinto, BHP Billiton [anglo-australianas) e a brasileira Vale.
A companhia quer desenvolver três grandes projetos na Mauritânia. Dois deles serão realizados em parceria com a mineradora estatal do país Société Nationale Industrielle et Minière (SNIM), que tem exclusividade na exportação do minério de ferro local desde a década 60.
O contrato para acesso às linhas ferroviárias é um dos três obstáculos à construção da mina de Askaf, localizada em uma região remota do país. Apesar de a Mauritânica - que tem no minério de ferro metade de suas exportações e um quarto de sua economia de apenas US$ 4 bilhões -, querer ampliar a produção local, o governo e a Glencore negociaram o contrato por cerca de dois anos.
Inicialmente, a SNIM pediu à Glencore um valor muito alto para liberar o acesso por um período de 20 a 25 anos, de acordo com pessoas com conhecimento das negociações. Mas, recentemente, as duas companhias chegaram a um acordo preliminar, restando apenas alguns pontos finais a serem discutidos.
"Eles acertaram com a SNIM o preço por tonelada para usar a malha férrea de acordo com práticas internacionais", afirmou Mohamed Ould Khouns, ministro de óleo, energia e minas da Mauritânia em entrevista ao "Financial Times" em Nouakchott, capital do país.
A Glencore também está próxima de chegar a um acordo para a contratação das obras da mina, o que resolveria o segundo problema. Mas a companhia ainda está negociando com o governo da Mauritânia questões fiscais relativas à operação da nova mina, o seu terceiro e último obstáculo para o investimento. Essas conversas ainda podem demorar vários meses, disseram pessoas com conhecimento do processo.
Mesmo que a Glencore resolva todos os obstáculos nos próximos meses, a mina dificilmente vai ter seu primeiro carregamento de minério de ferro retirado antes do fim da década.
Fonte: Valor Econômico/Katrina Manson e Javier Blas | Financial Times, de Nouakchott (Mauritânia) e Genebra
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