A greve dos produtores de grãos na Argentina estava marcada para terminar nesta quarta-feira (13). Porém, existe a possibilidade de que os produtores ampliem a medida até que o governo resolva levantar a proibição de exportação além do limite de 30 mil toneladas de milho até março.
Enquanto isso, há acampamentos de grevistas em províncias como Córdoba e Santa Fé. A medida foi tomada depois que o governo decidiu interromper as exportações de milho. Sob pressão, voltou atrás e deu a permissão com essa limitação.
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A decisão do governo, porém, não acalmou os grevistas, que, nesta terça-feira (12), apontavam para continuar com o protesto de modo indefinido.
"Nesse ritmo, nos próximos 15 dias exportaríamos apenas 1,5 milhão de toneladas, mas há 10 milhões esperando. Com 1,5 milhão como máximo para o consumo interno, ficaríamos com 7 milhões parados. É muito para que o setor aguente por muito tempo", afirmou o presidente da Sociedade Rural Argentina, Daniel Pelegrina.
Ele também alerta para o fato de que a medida demonstra uma intenção do Estado em intervir na economia, algo que não agrada o setor do agro argentino.
“O anúncio da abertura parcial da exportação de milho tem vícios porque nos preocupa a mensagem que estamos dando ao mundo, a de que nos abrimos apenas quando há vontade do governo", conclui.
Compõem as negociações a Sociedade Rural Argentina, a Federação Agrária e as confederações rurais. Se a greve continuar de modo indefinido, isso pode afetar o abastecimento local.
A greve, segundo as entidades agrárias, tem como objetivo conscientizar as autoridades e a população sobre o momento complicado que vive o setor, afetado pela pandemia e pelas restrições às exportações.
O episódio remete ao das retenções de 2008, durante a gestão de Cristina Kirchner, que causaram uma crise com o campo que continuou até o fim de sua gestão e minou seu apoio no mundo rural. O mesmo cenário, em meio a uma pandemia, preocupa os distribuidores de alimentos, com medo de um possível desabastecimento.
Fonte: Folha SP