De Brasília - A hegemonia econômica da China é a constatação mais evidente de uma coleção de números impressionantes sobre o aumento da presença dos chamados Bric (Brasil, Índia, China e Rússia), exibida ontem no seminário de centros de estudos que antecedeu, ontem, o encontro de chefes de Estado do grupo, marcado para hoje e amanhã em Brasília. Os acadêmicos mostraram que a combinação do desempenho dos quatro Bric contribuiu com mais de 50% do crescimento mundial, nos últimos cinco anos. A economia chinesa, claro, representou, sozinha, mais da metade dessa contribuição.
Também no comércio, os especialistas exibiram números para demonstrar o aumento de importância mundial do grupo, mas as estatísticas evidenciam a dominância do poder chinês. Estudo do Instituto de Pesquisa Econômica e Social (Ipea), divulgado ontem, mostra que Rússia, Índia e Brasil tem vantagens competitivas no comércio internacional mais concentradas em produtos primários ou de baixo valor agregado, e a China, além de ter mais produtos manufaturados entre os mais competitivos, tem um setor, o óptico, de alto conteúdo tenológico entre seus trunfos no mercado mundial.
O estudo do Ipea mostra, ainda, que, graças aos recursos com minérios e combustíveis e à herança da Guerra Fria e da ex-União Soviética, a Rússia ainda é, entre os Bric, o país com mais investimentos no exterior, quase US$ 203 bilhões em 2008, mas o ritmo já foi ultrapassado pela China, que expandiu 60 vezes os recursos aplicados em negócios no exterior e, em 2008, chegou a superar em US$ 100 milhões os US$ 52 bilhões em investimento direto feitos pelos russos em outros países.
Em praticamente todas as comparações, a China assume a maior fatia nas entusiásticas comparações entre os Bric e o resto do mundo. Os Bric têm 42% da população mundial, mas quase 20% se deve aos chineses; dos 14,5% do Produto Interno Bruto mundial, 7,1% vêm da China (a Rússia, atrás, tem 2,8%); o grupo responde por 14,5% das exportações mundiais, mas 9,1% são responsabilidade chinesa; e dos 11,6% de importações, mais de 7% vão para território chinês. Os dados foram compilados pelo pesquisador Zhang Yuyan, da Academia de Ciências da China, que mostrou, também, como os chineses vêm ocupando fatia crescente nas compras dos parceiros Bric e com cerca de metade das vendas concentradas em manufaturas e produtos de tecnologia mais elevada. (SL)
Fonte: Valor Econômico
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