A expansão do investimento vista nos dados do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre de 2021 teve efeito do Repetro (regime aduaneiro especial que facilita a importação de bens destinados à exploração de petróleo), mas contou com outros fatores, como o aumento da produção de bens de capital e o desenvolvimento de softwares. A avaliação é da coordenadora de Contas Nacionais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), Rebeca Palis.
Medida do investimento dentro do PIB, a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) cresceu 4,6% no primeiro trimestre de 2021 frente ao quarto trimestre de 2020. Na comparação com o primeiro trimestre de 2020, o aumento foi de 17%.
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“Continua o efeito do Repetro. Mas mesmo sem Repetro o investimento ia crescer. Além disso, teve crescimento da produção de bens de capital, que foi muito forte, e toda a parte toda de desenvolvimento de software, que ganhou peso e continua crescendo, além do melhor desempenho da construção civil”, diz ela.
A pandemia favoreceu o desenvolvimento de softwares, com a necessidade de as empresas se adaptarem ao trabalho remoto, mas esse movimento de automatização dos processos dentro das companhias já vinha ocorrendo anteriormente. “Isso ganhou força, mas a parte de TI vem aumentando há mais tempo e ganhando peso nos investimentos”, diz.
Rebeca destacou que, a despeito das mudanças na forma de medir importações e exportações pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex), o Repetro continuará a ser contabilizado no PIB, por se tratar de transações entre residentes e não residentes no país. “Mesmo esse processo do Repetro ter sido feito para evitar pagamento de imposto, foram feitos pagamentos entre residentes e não residentes. E a gente não vai fazer modificação em relação a isso (Repetro). Os manuais de balanço de pagamento e de contas nacionais afirmam que tem que se reconhecer fluxos entre residentes e não residentes”, explica.
Fonte: Valor