Após experimentar um desenvolvimento acentuado nos últimos dez anos, com a escala de produção pulando de 80 mil toneladas anuais para algo em torno de 130 mil toneladas, com recorde em 2011 - com 167 mil toneladas de fios e cabos de alumínio produzidos, o crescimento do segmento pode ficar comprometido pelo volume considerado excessivo de produtos importados entrando no país.
A avaliação é do coordenador do grupo setorial de fios e cabos de alumínio da Associação Brasileira de Alumínio (Abal), Roberto Seta. Segundo o executivo, embora o cenário seja de crescimento da demanda no país por fios e cabos de alumínio nos próximos anos, sobretudo por conta dos grandes projetos de construção de linhas de transmissão de energia elétrica - entre eles Jirau, Santo Antônio e Tucuruí, previstos para serem implantados até 2017 -, a margem de lucro das indústrias não se sustenta. "Os importadores usam benefícios fiscais de espaços alfandegários, que têm isenções fiscais. Isso faz diferenças nos preços que podem chegar a 30%. É uma concorrência desleal", afirma Seta.
O executivo lembra que os investimentos em grandes linhas de transmissão de energia elétrica foram responsáveis pela elevação da capacidade de produção da indústria brasileira de fios e cabos de alumínio, nos últimos anos. Programas como o Luz para Todos, do governo federal, e iniciativas em diversos Estados na implantação de linhas de transmissão de energia elétrica, contribuíram para essa expansão. A capacidade instalada da indústria nacional de fios e cabos de alumínio é de 190 mil toneladas por ano, atualmente.
"O alumínio é o produto mais indicado para as linhas de transmissão de energia elétrica. Além de mais barato, o alumínio tem um terço do peso do cobre. Isso dá vantagens competitivas enormes para o metal", diz Seta.
Segundo o coordenador da Abal, os fios e cabos de alumínio que entram no mercado brasileiro são importados, principalmente de fábricas da Venezuela, do Bahrein, da Índia e da China. "Em 2010, as importações de cabos de alumínio foram de 7 mil toneladas. Em 2011, elas chegaram a 27 mil toneladas. No ano seguinte, foram de 23 mil toneladas. É um aumento de escala muito grande, que atualmente representa cerca de 17% da produção brasileira", afirma.
Seta lembra que essa situação afeta as margens das empresas nacionais. "A isso, ainda acrescenta-se a questão do câmbio e do custo da energia elétrica para as fabricantes", afirma. Em 2012, explica o executivo, a produção brasileira de fios e cabos de alumínio foi de 135 mil toneladas, quase 20% inferior ao recorde obtido no ano anterior, de 167 mil toneladas produzidas. Os números da produção de 2013 serão divulgados em julho pela Abal.
O executivo lembra que, atualmente, a indústria brasileira de fios e cabos utiliza 85% da capacidade instalada. "Mesmo com a explosão da demanda em 2011, as fábricas atingiram 88% da capacidade instalada", diz. Outra questão diz respeito às licitações para a concessão da construção de grandes linhas de transmissão de energia elétrica. "A participação de estrangeiras nos consórcios pode fazer com que essas companhias busquem fornecedores nos seus próprios países de origem", afirma.
Fonte: Valor Econômico/Carlos Eduardo Cherem | De Belo Horizonte
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