O Brasil está bem no mercado internacional do agronegócio. As exportações evoluem rapidamente neste ano. O mesmo ocorre, no entanto, com as importações, que estão em patamares recordes.
Nos últimos 12 meses —de junho de 2019 a maio deste ano—, o Brasil importou o recorde de 319 mil toneladas de agroquímicos, no valor de US$ 2,95 bilhões. No mesmo período, as compras externas de adubo somaram 32 milhões de toneladas, com gastos superiores a US$ 8 bilhões.
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O avanço desses custos para a agricultura acaba sendo assimilado pelo produtor, que está com uma margem boa de ganho na sua atividade. A preocupação, porém, é com o que vem pela frente.
Em seus relatórios periódicos sobre produção e demanda de alimentos, a FAO prevê novo recorde na produção de cereais, que poderia chegar a 2,8 bilhões de toneladas na safra 2020/21. Esse volume seria muito bem assimilado pelo mercado em tempos normais, uma vez que as estimativas de consumo eram de 2,7 bilhões.
Os efeitos da pandemia poderão, contudo, mudar um pouco o ritmo dessa demanda, devido a uma retração da economia mundial.
Um dos produtos que estão mais em evidência é o milho, cuja produção mundial deverá atingir 1,21 bilhão de toneladas, puxada principalmente pelos Estados Unidos.
O avanço do coronavírus nesse país, porém, freou o consumo e afetou principalmente a indústria de etanol, que, em tempos normais, consome mais de um terço da produção do cereal.
A safra mundial de soja deverá atingir 365 milhões de toneladas. A demanda externa, vinda da China, está aquecida. Refeitos os estoques, no entanto, o país asiático poderá reduzir as compras do produto americano, que chega ao mercado nos últimos meses deste ano.
A sustentação de preços para os brasileiros vai depender, mais uma vez, de a China dar prioridade ao produto brasileiro no próximo ano, embora ela tenha um acordo de compras assinado com os EUA. Será cumprido nas condições atuais de pandemia e de atritos comerciais?
Internamente, a aposta no consumo de soja para a produção de biodiesel não deverá ocorrer. O uso da oleaginosa para esse combustível ficará abaixo das estimativas, pelo menos enquanto a pandemia afetar o país.
No caso do trigo, produção e consumo mundiais são equilibrados, mas os estoques são bons. Esse é um dos alimentos do quais o Brasil continua com grande dependência externa.
As importações brasileiras de alimentos somaram US$ 4,4 bilhões de janeiro a maio, 8% menos do que em igual período de 2019.
Milho. A AgRural fez o terceiro corte na estimativa de produção de milho safrinha deste ano. Conforme dados divulgados nesta segunda-feira (8) pela agência, a estimativa atual é de 65,3 milhões de toneladas, abaixo dos 69,3 milhões de 2019.
Mais com menos. As exportações de carne bovina de maio subiram 21%, em volume, em relação às de igual mês do ano passado. Nesse mesmo período, as receitas cresceram 35%, segundo dados da Abrafrigo (associação de frigoríficos).
Fonte: Folha SP