As promessas da presidente da Argentina, Cristina Kirchner, de não impor barreiras às importações de alimentos processados foram recebidas com cautela pelo governo brasileiro. O ministro da Agricultura, Wagner Rossi, manifestou esperança de que os produtos brasileiros não sofram restrições. "Até onde fomos informados, houve uma reversão real do quadro", afirmou o ministro.
Rossi se referia às travas - apenas verbais - impostas pela Secretaria de Comércio Interior da Argentina, que recomendou a redes de supermercados e atacadistas do país a suspensão das importações de alimentos que também são produzidos localmente. Não houve proibição oficial, mas fabricantes brasileiros relataram queda dos pedidos. Na sexta-feira, Cristina se reuniu com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Rio, e prometeu que não haverá barreiras.
Importadores consultados pela imprensa argentina confirmaram que a liberação foi facilitada nos últimos dias, após as advertências brasileiras de que retaliaria a Argentina, atrasando as licenças não automáticas para compras de seus produtos. Hoje, elas são emitidas em menos de uma semana, mas o prazo permitido pela Organização Mundial do Comércio (OMC) chega a 60 dias e o Brasil cogita usar esse tempo com o vizinho.
O Valor apurou que Lula e Cristina abordaram o assunto por poucos minutos, na reunião de sexta-feira. O presidente brasileiro teria qualificado as restrições como um "problema pequeno". Mesmo assim, pediu que funcionários dos dois países trabalhassem juntos para garantir que não haja travas no comércio bilateral.
Fonte: Daniel Rittner, de Buenos Airesalor Econômico/Daniel Rittner, de Buenos Aires
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