Em grandes empresas de Santa Catarina, como a gigante industrial Weg, a crise econômica já é tratada como um assunto superado. A fabricante de motores elétricos e outros equipamentos está em fase de aumento de mão de obra após registrar, no primeiro trimestre, expansão de 14,9% em receita e o maior lucro em oito anos. Mesmo após ter contratado 1,3 mil pessoas em 2019, a Weg tem hoje 340 vagas. “Durante a recessão, fomos obrigados a fazer ajustes, mas essa fase ficou para trás”, diz o diretor financeiro, André Luis Rodrigues.
Segundo o economista José Roberto Mendonça de Barros, da MB Associados, a vantagem econômica catarinense passa pela estruturação de uma indústria com vocação exportadora. “São empresas que podem conseguir tirar vantagem do acordo entre a União Europeia e o Mercosul (que foi assinado no fim de junho)”, diz. Santa Catarina é um dos quatro Estados brasileiros que conseguiram recuperar tanto o total de vagas formais quanto o nível da economia, ante 2014.
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O mercado externo tem peso importante no negócio da empresa catarinense: de cada R$ 5 que entram no caixa da Weg, quase R$ 3 vêm de fora do País. Com o câmbio bom para os exportadores e um mercado chinês crescendo a dois dígitos, a companhia tem planos de investir R$ 530 milhões no Brasil e em outros países – recursos que serão destinados à ampliação e modernização de fábricas. Parte da mão de obra da Weg é treinada dentro de casa, em um núcleo de capacitação mantido pela empresa a um custo anual de R$ 23 mil por aluno. Por ano, são formados 200 jovens.
Vocação exportadora ajuda Estado
A empresa de Jaraguá do Sul tem ajudado a puxar para cima os indicadores econômicos da região norte do Estado. A Federação das Associações Empresariais de Santa Catarina aponta um crescimento de 8,23% na região norte, enquanto a economia catarinense, segundo esse mesmo índice (Iper-SC), avançou 7% no ano passado.
“Somos uma exceção”, diz o prefeito de Jaraguá do Sul, Antídio Aleixo Lunelli. “Hoje, aqui no município só está desempregado quem quer.” Mesmo as indústrias têxteis de Jaraguá, como Malwee e Marisol, que ainda sentem os efeitos da crise, voltaram a contratar. O grupo de moda Lunelli, da família do prefeito, demitiu 1 mil dos 5,2 mil empregados no auge da crise e começou a recontratá-los no ano passado. Boa parte das 400 vagas abertas foi preenchida por antigos funcionários.
Em Joinville, principal polo econômico do Estado, também já se percebe a retomada. Nos últimos 18 meses, o número de companhias sediadas no parque industrial da cidade subiu de 160 para 220, enquanto o total de funcionários subiu de 5,1 mil para 8 mil. O índice de ociosidade do Perini Business Park, que chegou a 14% na crise, hoje gira em torno de 6%.
Entre as companhias que ampliaram a ocupação do parque industrial está a XPM, que oferece armazenagem a importadores: sua área passou de 4 mil para 14 mil metros quadrados no fim de 2018. “Em 2015, quase fechamos as portas”, diz André Xavier, diretor-geral da XPM. Do fim do ano passado para cá, o cenário mudou. “Só no mês passado, fechamos três novos contratos, coisa que em um ano inteiro não acontecia.”
Fonte: Estadão