Empresários brasileiros investem em inovação como forma de conter a grande quantidade de importados que entram no País. Os recursos para a inovação de processos e produtos deverão crescer 16,6% este ano
Indústria de transformação enfrenta concorrência desleal de produtos que chegam muito mais baratos ao País (GEORGIA SANTIAGO 22/7/2008) Indústria de transformação enfrenta concorrência desleal de produtos que chegam muito mais baratos ao País (GEORGIA SANTIAGO 22/7/2008)
Pressionada pela desaceleração da atividade econômica e pelo avanço dos produtos importados, a indústria brasileira de transformação deverá reduzir seus investimentos este ano, menos em inovação. Levantamento da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) indica que os investimentos das empresas do setor deverão somar R$ 167,15 bilhões, uma redução de 4,7% em relação aos R$ 175,4 bilhões de 2010.
Os recursos para a inovação de processos e produtos, no entanto, deverão crescer 16,6%, de R$ 17,4 bilhões, no ano passado, para R$ 20,3 bilhões, agora. As projeções têm como base uma pesquisa feita com 1.220 empresas com fábricas em todo o País. Desse total, 33% disseram que não pretendem fazer nenhum investimento em 2011. O número é consideravelmente maior que o do ano passado, quando só 23,6% declararam que não fariam investimentos.
O investimento em máquinas e equipamentos ainda é a principal parcela dos investimentos empresariais. Deverá representar 73% do total previsto para 2011, apesar da redução de 7,3% no valor, de R$ 133,1 bilhões para R$ 122,4 bilhões. Também deverá haver queda de 8,2% dos investimentos em gestão e de 1,5% em pesquisa e desenvolvimento.
“As empresas adotaram estratégias mais defensivas em 2011, voltando-se mais para a eficiência produtiva em detrimento da expansão”, diz o diretor do departamento de competitividade e tecnologia da Fiesp, José Ricardo Roriz Coelho, coordenador do trabalho. Os empresários reclamam do aumento dos juros, da excessiva valorização do câmbio e da elevada carga tributária, entre outros fatores que encarecem o custo de produção no País e favorecem as importações.
Se em 2003 os produtos importados eram responsáveis por 12,5% do consumo interno brasileiro, em 2010 essa parcela quase dobrou, para 21,8%, frisa Roriz. No setor de couros e calçados, a diferenciação parece ser a única opção, pois concorrer com os importados via preço é ineficaz.
“Só não abandonamos os investimentos em inovação”, diz o empresário Wayner Machado da Silva, sócio diretor da Free Way Calçados e dono do Curtume Tropical, de Franca (SP).
A busca de produtos mais baratos deu lugar ao desenvolvimento de novos produtos. Apesar da sobretaxa de US$ 12,85 o par, os calçados chineses continuam a entrar no Brasil, por meio de operações ilegais de triangulação com países como o Vietnã.
E agora
ENTENDA A NOTÍCIA
Com preços mais baixos, os produtos importados de outros países como a China geram uma concorrência desleal com a indústria nacional. A saída é investir em inovação para se diferenciar e buscar um novo mercado.
Fonte: O POVO Online/OPOVO
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