Depois de um ensaio de recuperação nos primeiros meses do ano, a confiança dos empresários da indústria caiu em julho para o menor patamar desde o auge dos efeitos da crise internacional, em abril de 2009, como reflexo do ritmo menor da produção industrial, avaliou a Confederação Nacional da Indústria (CNI).
A confiança cedeu inclusive entre os segmentos beneficiados pelas várias medidas de estímulo anunciadas pelo governo. “Mesmo com os incentivos, a indústria não consegue reagir”, disse o economista da CNI, Marcelo de Ávila. “Os dados da produção industrial mostram que estamos no mesmo nível de dois anos atrás”, afirmou.
Nesta quarta-feira, a CNI informou que seu Índice de Confiança do Empresário Industrial (Icei) caiu para 53,3 pontos em julho, recuo de 2,8 pontos na comparação com junho.
Para Ávila, a principal alavanca do crescimento da economia brasileira – o consumo interno – dá sinais de esgotamento, já que os dados mostram que a demanda doméstica não tem tido a mesma força de reação de dois anos atrás.
Além disso, de acordo com o economista, a desvalorização do dólar, que torna os produtos brasileiros mais atrativos no exterior e estimularia as exportações, está sendo compensada pela baixa demanda externa, decorrente da prolongada crise internacional.
O que forçou a queda do indicador em julho foi a percepção dos empresários sobre o presente. Na avaliação das condições atuais, o índice ficou em 44 pontos, ante 46,9 pontos em junho. Leituras abaixo de 50 pontos indicam pessimismo e, acima, otimismo. Todos os 35 setores pesquisados – três da indústria de construção, quatro da indústria extrativa e 28 da indústria de transformação – registraram índices abaixo de 50 pontos.
“Os indicadores das condições atuais, tanto em relação à própria empresa quanto em relação à economia brasileira, estão caindo mês a mês e já estão na faixa do pessimismo, abaixo dos 50 pontos”, afirmou Marcelo.
Segmentos
Entre os setores beneficiados pelas medidas do governo federal para impulsionar o crescimento da economia neste ano, o Icei que mensura a confiança dos empresários da indústria de veículos automotores caiu de 49 pontos em junho, para 45,8 pontos em julho.
Na indústria de máquinas e equipamentos, o indicador caiu neste mês para abaixo dos 50 pontos (49,5). Têxteis e vestuário também tiveram queda em julho, para 51,2 e 54,4 pontos, respectivamente. “Se não fossem as medidas, a situação estaria ainda pior”, acredita Ávila.
De acordo com o economista da CNI, “será difícil haver uma recuperação da confiança nos próximos meses”. O Icei das expectativas dos empresários industriais para os próximos seis meses ainda está acima de 50 pontos, o que sinaliza otimismo em relação ao futuro.
No entanto, o índice caiu de 60,6 pontos em junho para 58 pontos em julho, o menor patamar desde abril de 2009, quando registrou 57 pontos.
Fonte: Valor / Murilo Rodrigues Alves
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