Nem mesmo os 19 mil empregos diretos, mais 18 mil indiretos (somando as fases de construção e operação); ou ainda o incremento de R$ 9,3 bilhões no Produto Interno Bruto (PIB) estadual com a implantação da Companhia Siderúrgica de Pecém (CSP), são suficientes para que o cearense feche os olhos para os possíveis riscos ambientais que o Estado pode sofrer com a instalação do empreendimento, movido a carvão mineral.
Conforme levantamento feito pelo Diário do Nordeste, 67,24% dos internautas não colocam o retorno financeiro prometido pela planta acima da preservação do meio ambiente. A siderúrgica que ficará encravada no Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp), parceria da Vale, e das sul-coreanas Dongkuk e Posco, está gerando questionamentos devido sua matriz energética.
O carvão mineral é um material extremamente poluente e sua aplicabilidade para o abastecimento desses projetos vai na contramão das tendências internacionais, direcionadas à utilização do gás natural. Este é considerado um dos combustíveis mais limpos. Sua combustão gera emissões bem menos contaminantes ao meio ambiente.
A preocupação com relação à CSP agravou-se após os recentes casos de vítimas da poluição no bairro Santa Cruz, na zona oeste do Rio de Janeiro. No local, fica sediada a Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA), inaugurada no ano passado e considerada o maior empreendimento do tipo da América do Sul.
Os moradores da região têm sofrido bastante, ultimamente, com alergias, tosses e irritação nos olhos e na pele, mazelas que são atribuídas, por eles, à poeira proveniente dos fornos da planta. Milhões de reais em multas e indenizações já foram pagos por conta dos poluentes emitidos pela CSA.
Preocupação no ES
Outra usina siderúrgica, que utilizará a mesma rota tecnológica da carioca, também tem gerado discussão no estado sede. É a Companhia Siderúrgica de Ubu (CSU), que será instalada no município de Anchieta, no sul do Espírito Santo. Mas lá, a população tem acompanhado de perto os debates em torno dos impactos socioambientais.
Licenças
A Companhia Siderúrgica de Pecém já possui da Semace (Superintendência Estadual do Meio Ambiente) a Licença Prévia (LP), autorização que dá liberdade ao empreendedor de realizar as primeiras modificações no terreno onde será edificada a indústria. Foi a partir da obtenção dessa permissão, com a aprovação do Estudo e Relatório de Impacto Ambiental (EIA/Rima), que a CSP começou os trabalhos de supressão vegetal do terreno.
O próximo passo será conseguir a Licença de Instalação (LI), a qual liberará a realização da terraplanagem da área, além do início das obras civis. A CSP garante que a sustentabilidade é prioridade no projeto, e que 25% dos investimentos (previstos em R$ 7,6 bilhões), serão direcionados para a aquisição de equipamentos modernos e de alta eficiência para controle e monitoramento das emissões atmosféricas, lançamento de efluentes e gerenciamento de resíduos.
É possível que esse aporte seja suficiente para evitar danos no entorno, mas não custa lembrar que, para a instalação, a CSA anunciou seguir as mais rígidas leis ambientais da Alemanha, país de onde vem parte de seus investidores. Entretanto, os prejuízos continuam.
Garantia
25% dos investimentos previstos para a implantação da CSP serão voltados à aquisição de equipamentos de alta eficiência para controle e monitoramento das emissões atmosféricas.
Resultado
Com relação à siderúrgica com carvão, o retorno financeiro para o Estado vale o risco ambiental?
Sim - 32,76%
Não - 67,24%
Fonte: Diário do Nordeste (CE)
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