Na capitalização da estatal, existe possibilidade de a empresa ser remunerada com papéis do governo
Os investidores que participarem da venda de ações da Petrobras, prevista para o fim de julho, poderão pagar à estatal com títulos do governo em vez de dinheiro vivo.
O presidente da empresa, José Sergio Gabrielli, disse que o benefício não será dado apenas para a União, que é a controladora da empresa. Os acionistas minoritários terão também prioridade na lista dos compradores em relação a investidores que não têm papéis da estatal.
"Todos têm o mesmo direito. [O pagamento em títulos públicos] é uma possibilidade, mas não há nenhum tipo de decisão ainda", explicou.
Depois de um dia de reuniões com investidores em Nova York, Gabrielli reconheceu que a demora do Congresso em votar o projeto que permite ao governo repassar até 5 bilhões de barris do pré-sal para a estatal está influenciando negativamente o preço das ações da companhia.
"Se você compara, o preço das ações hoje é mais ou menos o mesmo de agosto de 2007. Alguns fatores estão afetando o preço. A incerteza em relação à capitalização é um deles", disse.
O pagamento com títulos foi anunciado pelo diretor financeiro da Petrobras, Almir Barbassa, a investidores. Na terça-feira, ele havia dito que a União poderia pagar parte da capitalização em papéis.
Gabrielli afirmou que, se o pagamento com títulos for aprovado pelo Conselho de Administração, a empresa fará uma lista dos papéis que aceitará e o valor será o mesmo praticado no mercado financeiro, que já negocia esses títulos.
A Petrobras precisa aumentar seu capital porque está atingindo o limite máximo de endividamento de 35% do capital. Ao mesmo tempo, tem um plano de investimentos ambicioso: R$ 220 bilhões até 2014. Sem dinheiro novo, é impossível conciliar os dois.
Segundo Gabrielli, a Petrobras buscará dinheiro no mercado independentemente do resultado da votação no Congresso. Segundo ele, até o fim do mês o Conselho de Administração decidirá quando a venda de ações ao mercado será feita e o valor. A estimativa é que a Petrobras precise de algo entre R$ 15 bilhões e R$ 25 bilhões.
Depois será preciso aprovar a decisão numa assembleia de acionistas. E tudo isso terá que ser feito até a metade de junho. Em agosto, Gabrielli considera não haver condições de fazer a venda por causa das férias no hemisfério Norte.
O presidente da Petrobras disse que a empresa vai "congelar" novos projetos de investimentos no exterior pra priorizar os gastos no Brasil.
Fonte: Folha de S.Paulo/LEANDRA PERES/COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM NOVA YORK
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