Fundamental para a divulgação do balanço auditado da Petrobras, a investigação interna da estatal sobre o esquema de corrupção abrangeu 2.000 pessoas da companhia, informou uma fonte próxima do processo. Dessas, Dessas, 150 pessoas tem envolvimento direto com as demonstrações financeiras e, por isso, a investigação sobre elas tem prioridade por parte do pessoal dos escritórios Gibson, Dunn & Crutcher e Trench, Rossi e Watanabe
Foi por causa dessa investigação que o ex-presidente da Transpetro, Sergio Machado, precisou ser afastado da direção da subsidiária, já que teve seu nome citado pelo ex-diretor de Abastecimento e réu confesso, Paulo Roberto Costa.
No acordo de delação premiada com o Ministério Público do Paraná, Costa admitiu que fez acordos e deu preferência a empresas que pagavam propinas em troca de participação em obras superfaturadas da Petrobras. Parte do suborno arrecadado, segundo Costa, era entregue a políticos. Além de Costa, o ex-diretor internacional Nestor Cerveró também está preso. São investigados ainda o ex-diretor de Serviços, Renato Duque, e o sucessor de Cerveró, Jorge Zelada.
Os nomes e a participação dos envolvidos nos esquemas de ex-diretores e ex-gerentes flagrados pela Operação Lava-Jato estão sendo detalhados pelos investigadores externos. São usados programas de "big data", por exemplo, que buscam por palavras-chave nos e-mails e documentos assinados por esses funcionários.
Os resultados são sigilosos até agora. Os investigadores externos não falam com membros do conselho de administração e nem com a diretoria da Petrobras. Se reportam apenas ao Comitê Especial (Reporting Line) formado pelos brasileiros Ellen Gracie (ex-STF) e João Elek (diretor de governança da Petrobras), e o alemão Andreas Pohlmann.
As investigações externas para identificar e sanear o rastro de corrupção que mancham o nome da companhia vão custar à estatal cerca de R$ 150 milhões por ano. O valor inclui a contratação dos escritórios e o suporte jurídico para defesa das reclamações feitas por acionistas minoritários. Os trabalhos devem demorar no mínimo dois anos, como informou a ex-presidente da estatal, Graça Foster.
Em outra frente, a área de contabilidade tem "varado noites", segundo uma fonte do Valor, para refazer os cálculos sobre o valor dos ativos que serão objeto de uma baixa contábil nos balanços do terceiro e quarto trimestre de 2014. Apesar da pressa, não há expectativa de apresentação do balanço na próxima reunião do conselho de administração, marcada para o dia 23 de março.
A discussão do balanço agora é sobre como refazer o cálculo dos ativos contaminados pela corrupção. A diretoria passada encontrou R$ 88,6 bilhões e a divulgação desse número - que era defendida por toda a diretoria e por Graça Foster - desagradou a presidente Dilma Rousseff a ponto de abalar o relacionamento dela com Graça.
Foi também a gota d'água para a decisão dos diretores de apresentarem sua renúncia coletiva no dia 4 de fevereiro. Qualquer que seja a baixa contábil, ela vai alterar a alavancagem da companhia. O Valor confirmou que o valor da renovação do contrato de auditoria com a PriceWaterhouseCoopers (PwC), aprovado na sexta-feira, foi de R$ 94 milhões pelos dois anos de trabalho (2015 e 2016).
Fonte: Valor Econômico/Cláudia Schüffner | Do Rio
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