A JBS, líder no Brasil e no mundo na produção e processamento de carnes, está trazendo a primeira carga de milho importado da Argentina neste ano.
O cereal deverá chegar ao Brasil no próximo mês. A empresa confirma informações inicialmente aventadas pela Reuters e avisa que poderá fazer novas compras nas próximas semanas.
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Segundo ela, o milho argentino tem sido mais competitivo do que o nacional nos estados do Sul. A ação da JBS poderá ser seguida por outras empresas ligadas ao setor produtor de carnes.
A produção de milho tem crescido no Brasil nos anos recentes, permitindo ao país ser um dos principais exportadores mundiais do cereal.
Nesta safra, porém, os argentinos, tradicionais exportadores, deverão produzir um volume recorde do produto, estimado em 45 milhões de toneladas.
Se o volume for confirmado, o país vizinho teria 29 milhões de toneladas para colocar no mercado externo. A Argentina competiria com o Brasil, que tem atingido volumes próximos de 30 milhões de toneladas exportadas nos últimos anos.
Daniele Siqueira, da AgRural, diz que os produtores nacionais ainda estão segurando o milho e reduzindo a oferta do produto no mercado físico. Com isso, os preços atuais praticados no Sul tiveram elevação nos últimos 30 dias. Em Cascavel (PR), a saca está em R$ 35, e, em Chapecó (SC), em R$ 37.
Anderson Galvão, diretor da consultoria Céleres, diz que essas importações de milho em início de safra são normais.
Ele destaca, contudo, que novos fatores de mercado podem elevar o volume de milho importado pelas empresas localizadas no Sul do país.
"É uma questão de logística", diz. A cada ano, as exportações de milho de Mato Grosso pelos portos do chamado Arco Norte aumentam, reduzindo a oferta do cereal mato-grossense nos estados do Sul.
Mato Grosso é o maior produtor de milho do país e colocou 17 milhões de toneladas do cereal no mercado externo em 2018.
O milho de Mato Grosso, que antes tinha de percorrer cerca de 2.200 quilômetros para chegar aos portos do Sudeste e do Sul, agora percorrem caminho menor para os portos do Norte.
No primeiro mês deste ano, o estado exportou 2,4 milhões de toneladas de milho. A saída pelo Norte atingiu 54% do volume comercializado, segundo o Imea (Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária).
Galvão diz que, dependendo do período e da origem interna do milho para o sudoeste de Santa Catarina, as importações argentinas ficam com preços mais favoráveis.
Câmbio, impostos (ICMS) e frete encarecem o produto brasileiro, segundo ele.
O diretor da Céleres destaca que, mesmo que o produto importado fique um pouco mais caro para as empresas do Sul, as importações da Argentina são um aviso de que o produto nacional não terá muito teto para subir.
As importações de janeiro somaram 59 mil toneladas. Desse volume, 36 mil foram para Santa Catarina, conforme dados da Secex (Secretaria de Comércio Exterior).
O milho importado pelo Brasil no mês passado veio praticamente do Paraguai: 58,5 mil toneladas.
Fonte: Folha SP