A quinta maior siderúrgica do mundo, a JFE Steel, voltou a ter interesse pela Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP) e poderá se unir à joint-venture hoje formada pela brasileira Vale e as sul-coreanas Dongkuk e Posco na construção da usina cearense. A informação foi dada pela empresa japonesa na última sexta-feira, que afirmou o interesse em ingressar em mercados em crescimento na América Latina e nos Estados Unidos.
A JFE já havia chegado a assinar um memorando de entendimentos (MOU) em abril de 2008 com a Vale e a Dongkuk, no qual acordava estudar a possibilidade de investir na siderúrgica cearense, participando como sócia majoritária do empreendimento caso considerasse viável o projeto.
Contudo, já ao fim daquele ano, a empresa indicou que poderia suspender ou cancelar a participação na usina, motivada pela crise financeira internacional, que vinha encolhendo a demanda mundial por aço.
Decisão até o fim do ano
Atualmente, mesmo diante de uma nova crise econômico-financeira, a empresa parece interessada em acabar com essa "suspensão" no investimento. Contudo, a decisão ainda não está tomada: ela declarou que decidirá sobre sua participação até o fim deste ano.
Caso se una ao projeto, a JFE irá adquirir parte da fatia da Dongkuk na CSP, hoje de 30% das ações, segundo afirmou um porta-voz da japonesa. A JFE possui 15% da Dongkuk. Entrando na CSP, este seria o seu primeiro investimento em alto-forno fora do Japão.
Nova perspectiva
A entrada da JFE Steel no projeto cearense pode ainda abrir um nova perspectiva: de garantir a ampliação da capacidade de produção da CSP, atualmente programada para produzir três milhões de toneladas de placas de aço anuais. Anteriormente, quando ainda se contava com a inclusão da japonesa no projeto, havia a expectativa de iniciar a planta já com capacidade para seis milhões de toneladas anuais. Em junho do ano passado, o presidente da Vale afirmara que a concretização da segunda fase da usina, com seis milhões de toneladas, dependeria de um novo investidor: "a ideia é que a gente inicie com três milhões (de toneladas de placas de aço) e, com o tempo, e se porventura vier um outro parceiro com interesse em mais produção, a gente pode crescer".
Na época, a CSP contava somente com a Vale e a Dongkuk como sócias. Procurada pelo Diário do Nordeste, a CSP afirmou, através de sua assessoria de imprensa, que, entretanto, "desconhece esse movimento", revelando que não recebeu nenhum comunicado oficial da JFE Steel solicitando participação no empreendimento.
A assessoria reforça que, durante a fase de implantação do projeto, a Vale terá 50% das ações, a Dongkuk, 30% e a Posco, 20%. "Até três anos após a entrada em operação da usina, os dois sócios coreanos terão direito à compra (call option) de metade das ações da Vale (25%)", informa.
Potencial
A assessoria confirma o potencial de expansão da planta para seis milhões de toneladas anuais de placas de aço, mesmo que esta etapa ainda não esteja acertada. O investimento na usina está orçado em US$ 4,2 bilhões, com previsão de operação em 2014.
Na última quinta-feira, a CSP realizou a cerimônia simbólica do início da terraplanagem do terreno que receberá o empreendimento, com presença da presidente Dilma Rousseff. Esta fase, contudo, já havia iniciado desde junho último. No evento, o vice-presidente da Posco, Ki Hong Park, chegou a afirmar: "vamos construir a melhor usina siderúrgica do mundo".
Peso dos acionistas
A Vale, uma empresa brasileira, é a maior mineradora do mundo, e agora investe na agregação de valor do minério de ferro produzido
A Posco, sul-coreana, é a terceira maior siderúrgica do mundo, e líder do mercado sul-coreano no setor
A Dongkuk, também da Coreia do Sul, não está entre as líderes no mercado de produção de aço no mundo, mas tem forte participação mundial no consumo de placas de aço
A JFE Steel, japonesa, é a terceira maior siderúrgica do mercado mundial
Fonte: Diário do Nordeste
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