Os irmãos German Efromovich e Jose Efromovich foram presos pela Polícia Federal na manhã desta quarta-feira, durante a a 72ª Fase da Lava- Jato. Eles são suspeitos de pagar propina de R$ 28 milhões a executivos da Petrobras, para obter contratos com a Transpetro, braço da estatal responsável pelo transporte de combustível e pela importação e exportação de petróleo e derivados.
Os empresários vão ficar em prisão domiciliar, com tornozeleira eletrônica, em razão de riscos decorrentes da pandemia de Covid-19, por terem mais de 60 anos. Eles são donos estaleiro Eisa - Estaleiro Ilha S.A e também são sócios da Avianca Holdings, segunda maior companhia aérea da América Latina, que está em recuperação judicial. A Avianca e a Ocean Air não são citadas na investigação.
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Além dos dois mandados de prisão preventiva, estão sendo cumpridos seis de busca e apreensão em Alagoas (Maceió), São Paulo (São Paulo) e Rio de Janeiro (Niterói e Ilha do Governador), em endereços da dupla e de empresas do grupo. Além da sede do Eisa, foram alvo dos agentes federais os endereços das empresas Petrosinergy, Spsyn Participações e Estaleiro Mauá.
A operação conta com a colaboração de Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro, que se tornou delator da Lava-Jato. Ele foi presidente da estatal entre 2003 e 2014, com apoio do PMDB, hoje MDB.
Os irmãos Efromovich teriam repassado, no total, R$ 40 milhões a Machado. Além da contratação do estaleiro, teriam sido pagos mais R$12 milhões referentes à compra de navios para transporte de petróleo.
Segundo a força-tarefa do Ministério Público Federal em Curitiba, o estaleiro Eisa firmou contratos para construção de navios com a estatal e causou prejuízos de mais de R$ 600 milhões à Transpetro. O estaleiro teria entregado irregularmente um dos navios Panamax encomendados e deixado de entregar outros três.
Relatório da área técnica da Transpetro já teria, segundo o MPF, indicado que o estaleiro Eisa não teria condições de atender o contrato antes mesmo que ele fosse assinado.
O negócio envolveu ainda dívidas trabalhistas que tiveram de ser suportadas pela estatal e valores pagos adiantados ao estaleiro. Um dos irmãos garantiu pessoalmente valores com duas notas promissórias que nunca foram quitadas.
A Justiça determinou o bloqueio de R$ 651,3 milhões de contas dos empresários e das empresas envolvidas. Eles estão proibidos de movimentar contas no exterior, alterar a gestão societária das empresas no Brasil e no exterior e contratar com o setor público.
Machado afirmou que , na contratação do estaleiro, pediu pagamento de propina equivalente a 2% do valor dos contratos. Segundo o MPF, as operações envolveram investimentos em campos de petróleo no exterior e empréstimo com empresas em paraísos fiscais.
Fonte: O Globo