A recente crise gerada pela greve dos caminhoneiros, que culminou com a renúncia do presidente da Petrobras, Pedro Parente, provocando incertezas na política de preços dos combustíveis da companhia, não deve afetar a atratividade do quarto leilão do pré-sal, marcado para a próxima quinta-feira, na avaliação do diretor da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) Felipe Kury, após participar de evento na FGV, no Rio de Janeiro
“Acredito que não [afetará]. Evidentemente que os acontecimentos da última semana deslocam um pouco o foco para o downstream (refino e abastecimento). Mas estamos bastante otimistas com os leilões. As empresas, principalmente do setor de upstream (exploração e produção) têm projetos de longo prazo. São projetos de 20, 30 anos. E as oportunidades oferecidas são muitas. Acreditamos que o leilão não só agora, de junho, como o de setembro, a quinta rodada do pré-sal, são muito importantes e trazem ativos de excelente qualidade. ANP e governo continuam muito otimistas com relação a esses leilões”, afirmou Kury.
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Questionado sobre os planos do governo de criar um mecanismo para amenizar a volatilidade dos preços dos combustíveis no país, o diretor disse que a intenção do governo não é controlar preços, e sim garantir previsibilidade para a cadeia de abastecimento de derivados do petróleo. “Preço é uma questão de mercado. Quem forma o preço é o mercado. O governo fica atento às políticas que incentivem o ambiente concorrencial saudável. Tem uma questão tributária que o governo vem discutindo e que pode também melhorar essa questão. Mas o mais importante é mantermos o ambiente concorrencial saudável, política e regulação estáveis para que as empresas possam se planejar e, no fim das contas, a sociedade se beneficiar em relação a isso”, disse o diretor.
Segundo ele, "o que está se buscando é ter previsibilidade maior em relação aos preços porque a nossa estrutura de abastecimento é ainda muito dependente de transporte rodoviário e, portanto, precisa de um pouco mais de previsibilidade. O governo está preocupado em criar mecanismo para que exista essa previsibilidade na cadeia, e não controlar preços”, completou.
Fonte: Valor