Apesar de um arrefecimento na procura por linha de crédito por boa parte das empresas exportadoras no primeiro semestre, o volume ofertado ao setor deverá acompanhar a previsão do comércio exterior, retomando o ritmo a partir de julho.
A previsão do mercado é de incremento entre 20 e 25% sobre 2009. Nos próximos dois anos o volume deve continuar subindo, mas em escala menor. Para o ano que vem, a previsão é de aumento ao redor de 15% e, no ano seguinte, em torno de 10%.
Diante da abundância da oferta, associada à redução das taxas de juros do financiamento à exportação anunciada pelo BNDES em relação aos demais tipos de créditos, os bancos não conseguiram emplacar aumento de spreads. A tendência é que no segundo semestre a taxa se estabilize e pare de cair.
"A demanda das grandes empresas por crédito para exportação caiu no primeiro semestre. Por outro lado, as de pequeno e médio porte tiveram crescimento de dois dígitos", afirma Rogério Calderón, diretor corporativo de controle do Itaú Unibanco Holding e responsável pela área de relações com investidores. Pelas suas contas, 80% dos financiamentos foram direcionados para as empresas de grande porte. "Nessa área, a queda registrada no primeiro semestre oscilou entre 1% e 2% em relação ao mesmo período do ano passado nas linhas de pré-pagamento de exportação, notas de crédito vinculado à exportação e Adiantamentos sobre Contratos de Câmbio (ACC)", reconhece.
O segundo semestre deverá ter uma aceleração nos pedidos. "A projeção é de aumento acentuado daqui até o fim do ano", aposta Calderón. "Nossos números estão alinhados com o agregado de mercado que indica alta entre 20% e 25% neste ano sobre 2009." Em uma perspectiva de mais longo prazo, explica, a tendência persiste. "Em 2011, a perspectiva é de crescimento da ordem de 15% sobre o ano anterior, mesma projeção feita pelo comércio exterior; em 2012 a alta deve ser de 10%."
Para Marlene Millan, diretora do Departamento de Câmbio do Bradesco, 2010 deverá ter um fluxo de comércio exterior muito parecido com o ano de 2008. "Imaginamos que volte a ter essa corrente de comércio com números muito próximos", diz. A carteira de crédito do Bradesco, entre janeiro e junho, registrou queda nos ACCs, mas, por outro lado, aumento nas operações de longo prazo.
O BNDES deve liberar R$ 14 bilhões em crédito para exportação no segundo semestre sob as condições especiais do Programa de Sustentação do Investimento (PSI). Tratam-se de linhas tipo pré-embarque, que financiam a produção do exportador. A expectativa de Luciene Machado, superintendente da área de comércio exterior do BNDES, é que os recursos se esgotem já no terceiro trimestre.
A expectativa do Bradesco para crédito a exportação é crescer de 15% a 20% em 2010 sobre os U$ 10,8 bilhões liberados anteriormente, segundo Marlene. "Acredito que a demanda para as linhas do BNDES tende a se manter."
Já o Banco do Brasil não se ressente de encolhimento nos pedidos nos primeiros seis meses do ano. "No primeiro semestre, já foi possível observar uma recuperação do mercado", afirma Nilo José Panazzolo, diretor de comércio exterior do BB.
Os desembolsos, explica ele, de ACC e Adiantamento sobre Cambiais Entregues (ACE) pelo banco cresceram 12,6%, indo de US$ 5,5 bilhões para US$ 6,2 bilhões comparando-se aos seis primeiros meses de 2009, resultado que manteve elevada a participação do banco, em 33,5%, e sua posição de líder de mercado. A soma de todas as modalidades de financiamento às exportações oferecidas pelo BB passou a marca de US$ 10 bilhões, crescendo 20% em relação ao primeiro semestre do ano passado.
De acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Secex/MDIC), no primeiro semestre, o Brasil exportou US$ 89,1 bilhões, contra US$ 69,9 bilhões em igual período de 2009, com alta de 27,5%.
Fonte: Valor Econômico/Rosangela Capozoli, para o Valor, de São Paulo
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