O bom desempenho do agronegócio no primeiro trimestre deste ano garantiu à gaúcha Kepler Weber, do segmento de armazenagem e movimentação de granéis do país, o melhor resultado financeiro de sua história para período. O lucro líquido da empresa foi de R$ 17,2 milhões, 96,7% superior aos R$ 8,7 milhões registrados em igual intervalo do ano passado.
“O primeiro trimestre foi uma continuidade do segundo semestre do ano passado, quando, apesar da covid-19, os preços das commodities se mantiveram firmes, a demanda internacional continuou alta e o câmbio foi favorável”, afirmou Piero Abbondi, CEO da Kepler Weber, ao Valor.
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Foi também um período muito raro em que produtores capitalizados, assim como cooperativas e indústrias do setor, fizeram investimentos com capital próprio e não esperaram apenas os recursos do Programa para Construção e Ampliação de Armazéns, do BNDES.
“Com os recursos desse programa esgotados no trimestre, alguns clientes anteciparam decisões de compra e agora devem aguardar o próximo Plano Safra para recompor capital”, disse o diretor financeiro da companhia, Paulo Polezi.
A receita líquida foi de R$ 236,2 milhões no primeiro trimestre, com aumento de 85,3% em relação ao mesmo período de 2020. O lucro antes de impostos, juros, amortizações e depreciações (Ebitda, na sigla em inglês) cresceu 88,1%, para R$ 32,9 milhões, e a margem foi de 13,9%, em alta de 0,2 ponto percentual na comparação.
Polezi destacou que o bom resultado operacional foi possível apesar da pressão inflacionária causada pelo encarecimento das matérias-primas usadas pela empresa, como o aço. “Para o mercado, o aço dobrou em um ano, mas fizemos contratos estratégicos e conseguimos um aumento entre 30% e 40%. Melhor que isso: não tivemos interrupção de fornecimento ou atraso nos contratos.”
Segundo o executivo, o mercado parece estar melhorando, mas ainda é cedo para maiores prognósticos. “Com a pandemia, há muita insegurança na operação e, por isso, estamos trabalhando com um plano emergencial.”
Como no ano passado, o balanço financeiro da empresa mostrou um capital de giro robusto, com R$ 245,5 milhões disponíveis. Parte disso, afirmou Piero, deverá ser utilizada em projetos de elevação da capacidade produtiva nas duas fábricas da Kepler Weber — em Panambi (RS) e em Campo Grande (MS).
Conforme o CEO, no primeiro trimestre foram investidos R$ 12 milhões na unidade de Campo Grande, ante R$ 10 milhões em todo o ano passado. “Pelo montante do primeiro trimestre, é possível perceber a dimensão de investimentos que estão por vir em 2021. Em maio, teremos a aprovação do orçamento pelo conselho”, disse. Entre os projetos, adiantou, alguns itens que hoje são terceirizados pela empresa serão internalizados.
Por divisão, a receita líquida de armazenagem referente ao mercado interno cresceu 119,9% no trimestre em relação ao primeiro trimestre de 2020, para R$ 170,7 milhões. Esse é o principal negócio da empresa, que de janeiro a março foi responsável por 72% do total.
A receita líquida das exportações aumentou 53,6%, para R$ 23,1 milhões. Nessa frente, a desvalorização do real assegurou competitividade aos produtos da empresa, mas Polezi ressalta que, mesmo sem a variação cambial, o resultado teria sido 24,6% superior ao do primeiro trimestre de 2020.
Ainda no front externo, o destaque da Kepler Weber foi ter finalizado um projeto em Zâmbia — o que não é comum, embora a empresa tenha feito algumas incursões na África — e outro no Paraguai.
Por fim, a área de movimentação de granéis sólidos, que retrata o desempenho da empresa em portos e terminais de transbordo, teve uma receita líquida de R$ 10,4 milhões, com uma redução de 28,1% justificada pela sazonalidade dos projetos.
Fonte: Valor