As exportações de bens e serviços dos Estados Unidos bateram um novo recorde em outubro, refletindo o aumento da competitividade da indústria americana e a recuperação moderada da economia global. As vendas externas atingiram US$ 192,9 bilhões, 1,8% a mais do que em setembro, na série livre de influências sazonais. Com essa alta das exportações e importações praticamente estáveis, o déficit comercial caiu 5,4%, para US$ 40,6 bilhões. As vendas de petróleo também tiveram alta forte.
O aumento de 6,8% das exportações de bens de consumo, excluindo veículos, evidencia o bom momento da indústria americana. Com ganhos de competitividade decorrentes de fatores como a energia barata, devido aos baixos preços baixos do gás natural, e aos custos salariais sob controle, o setor manufatureiro vive um renascimento nos EUA.
Para Jennifer Lee, economista-sênior da BMO Capital Markets, a indústria mais competitiva é de fato um dos motivos para o avanço das exportações americanas. Ela cita também a moeda mais desvalorizada, observando que a taxa de câmbio, ajustada pela inflação dos principais parceiros comerciais dos EUA, se depreciou pelo terceiro mês seguido. Com isso, os produtos americanos ficam mais baratos.
Jennifer destaca também o efeito da retomada da economia global sobre as exportações dos EUA. Ainda que gradual, a Europa deixou o pior momento para trás, e alguns indicadores econômicos chineses têm sido positivos. Em outubro, as vendas externas dos EUA para a União Europeia ficaram quase 7% acima das registradas no mesmo mês do ano passado (não há números com ajuste sazonal para fazer a comparação adequada com o mês imediatamente anterior).
Para a China, a alta foi ainda mais forte, superando 20%, o que levou as exportações para o país asiático a alcançarem o recorde mensal de US$ 13,1 bilhões. Ainda assim, os EUA tiveram um déficit de US$ 28,9 bilhões nas transações de bens e serviços com a China. Esse rombo tem diminuído, porém - há um ano, tinha ficado em US$ 29,4 bilhões.
Para a economista da BMO, os sinais da retomada da economia global são encorajadores para as exportações americanas. "O comércio exterior pode contribuir positivamente para o crescimento dos EUA no quarto trimestre", acredita ela. Também vão bem as vendas americanas para o Canadá e o México, os dois parceiros no Tratado de Livre Comércio da América do Norte (Nafta, na sigla em inglês), Em outubro, as vendas para esses dois países foram de US$ 48 bilhões, 4% acima do registrado 12 meses antes.
As vendas de insumos e materiais industriais também tiveram uma alta significativa em outubro, de quase 5% em relação a setembro. Os produtos de petróleo, que fazem parte dessa categoria, subiram 6%. Os EUA vivem um boom no setor, com a produção crescendo a taxas expressivas, com grande destaque para o petróleo de xisto. Com isso, diminui o déficit desse item na balança comercial, já que o país também reduz as suas necessidades de importar a commodity. "O déficit do petróleo tem em geral declinado, e é o principal motivo para a redução do déficit total desde o começo de 2012", como diz o economista Bill McBride, no influente blog Calculated Risk.
McBride também destaca o bom momento das exportações americanas. "Elas estão 16% acima do pico atingido antes da recessão e 5% superiores ao nível de outubro de 2012", escreveu ele. As importações, por sua vez, estão um pouco acima do nível máximo alcançado antes da recessão, e 4% acima de outubro do ano passado. "De modo geral, parece que o comércio exterior está se recuperando um pouco novamente", avalia ele.
De janeiro a outubro deste ano, o déficit comercial americano ficou em US$ 402,1 bilhões, mais de 10% abaixo dos quase US$ 450 bilhões do mesmo período de 2012. Ainda que elevados, os números atuais mostram que o país deixou no passado os rombos comerciais recordes. Em 2006, por exemplo, o buraco superou US$ 750 bilhões.
Fonte: Valor Econômico/ Sergio Lamucci | De Washington
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