Com uma dívida de R$ 480 milhões, a Mangels Industrial, importante fornecedora de rodas de liga leve de alumínio para montadoras no país e de botijões de GLP, entrou com pedido de recuperação judicial na sexta-feira. De acordo com a empresa, do valor pactuado no pedido, 85% se refere a dívidas com bancos, 12% com fornecedores e os 3% remanescentes, a credores diversos.
Apesar da busca por alternativas para superar a difícil situação econômico-financeira, informou a Mangels, o pedido de recuperação judicial mostrou-se inevitável diante do fracasso nas renegociações com instituições financeiras credoras, "em termos que permitissem a continuidade das atividades industriais". Ao fim do segundo trimestre, a dívida líquida da empresa estava em R$ 313,1 milhões, enquanto a receita líquida no acumulada do primeiro semestre totalizou R$ 257,3 milhões. A companhia registrou prejuízo líquido de R$ 26,1 milhões nos seis primeiros meses do ano - as perdas são consecutivas desde o segundo semestre de 2011, com exceção do primeiro trimestre de 2012, quando teve pequeno lucro.
A Mangels ressaltou que o pedido de recuperação judicial tem por objetivo manter a atividade e "o emprego dos trabalhadores, atender às partes interessadas na medida em que os recursos forem disponibilizados e, principalmente, assegurar a continuidade das atividades produtivas com pleno aproveitamento de seu potencial de negócios, retomando o seu crescimento em bases sustentáveis".
Fundada em 1928 em São Paulo, a companhia começou a apresentar dificuldades financeiras em 2008, com a crise financeira internacional. "A partir de então, não foi possível manter os níveis de crescimento e de aumento da produção até então obtidos", disse no pedido de recuperação judicial.
As dificuldades foram agravadas com a reversão do entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF) em relação a "créditos prêmio de exportação" obtidos no fim dos anos 90 e início da década de 2000. Para encerrar o litígio com a Receita, a Mangels teve de pagar R$ 54 milhões, em 12 parcelas, a primeira em novembro de 2009.
O agravamento da crise na Europa em 2011 teve impacto direto na divisão de aços e resultou em prejuízo para a divisão. Depois disso, a companhia decidiu fechar a fábrica de São Bernardo do Campo (SP), que teve as operações gradativamente reduzidas até a paralisação em julho deste ano.
Fonte:Valor Econômico/Stella Fontes, Sílvia Fregoni e Daniela Meibak | De São Paulo
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