A China já representa 12,2% do total das importações de máquinas e equipamentos no Brasil, segundo balanço divulgado pela Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq). O país asiático - que representava apenas 2,1% das importações em 2004 - é atualmente o terceiro maior fornecedor externo desses produtos ao Brasil, encostando na Alemanha, que respondeu por 12,7% do total importado nos quatro primeiros meses deste ano.
Os Estados Unidos lideram o ranking, com participação de 25,4%. No entanto, enquanto as compras de máquinas e equipamentos procedentes dos EUA e da Alemanha estão em queda, as importações com origem na China mostram crescimento de 51,2% neste ano. A expectativa é que a China supere a Alemanha nos próximos dois meses, afirmou Luiz Aubert Neto, presidente da Abimaq, durante apresentação dos resultados registrados pelo setor em abril.
Segundo ele, uma situação parecida começa a ser desenhada pelos produtos da Índia, que tinham participação insignificante nas importações brasileiras - apenas 0,2% em 2004 -, mas que hoje já respondem por 2,7% do total importado. Para Aubert Neto, além de fatores relacionados ao câmbio, o avanço das empresas de capital indiano ou chinês sobre diversos setores da economia brasileira ajuda a explicar esse movimento.
"Quando essas empresas precisam de componentes, compram diretamente do país de origem", disse o presidente da entidade, citando a participação da Índia no setor sucroalcooleiro, além do avanço da China no setor elétrico, com a recente compra de sete distribuidoras de energia pela estatal chinesa State Grid.
De janeiro a abril, as importações de máquinas e equipamentos atingiram US$ 6,737 bilhões, uma alta de 4,2% na comparação anual. Como as exportações somaram US$ 2,6 bilhões em igual período, o setor acumulou um déficit comercial de US$ 4,138 bilhões, 5,8% acima do saldo negativo dos quatro primeiros meses de 2009. A expectativa da Abimaq é que essa cifra supere US$ 12 bilhões até o fim do ano e fique acima do déficit comercial registrado pela indústria de máquinas e equipamentos em 2009, de US$ 11,146 bilhões.
Embora os resultados do comércio exterior ainda sejam desfavoráveis ao setor, a maior demanda no mercado interno garantiu, nos quatro primeiros meses do ano, um crescimento de 15,7% no faturamento dos fabricantes de bens de capital. Esse resultado é atribuído à recuperação da atividade industrial, junto com medidas do governo destinadas a reduzir custos com o financiamento de máquinas e equipamentos no âmbito do Programa de Sustentação do Investimento (PSI). "Não fosse isso, estaríamos bem pior", disse o presidente da Abimaq.
O dirigente ainda informou que os reajustes no preço do aço começarão a pressionar as margens nos próximos dois meses, com o fim de estoques dos insumos siderúrgicos. Parte desse aumento de custo terá que ser repassado, disse. De acordo com ele, o peso do aço na composição dos preços varia de acordo com o produto, podendo chegar a 80% nos casos de alguns implementos agrícolas.
Fonte: Valor Econômico/ Eduardo Laguna, de São Paulo
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