Os dirigentes do Instituto Aço Brasil confirmaram, nesta terça-feira, más notícias que já haviam previsto há alguns meses, em reunião com jornalistas. Reviram para baixo a produção, que ficará em 34,5 milhões de toneladas, a mesma de 2012, enquanto as exportações terão queda de 13%. Quanto às importações, de forma direta, irão diminuir 14,4%, mas as compras de aço estrangeiro que entram no país embutidas em carros e equipamentos devem subir 17,7%.
Afirmou o presidente executivo Marco Polo de Mello Lopes que tudo está ligado à falta de competitividade. Sem levar em conta impostos, o Brasil produz aço a preço abaixo do chinês, mas, após aplicação do sistema de impostos, o aço verde e amarelo fica mais caro. Assim, torna-se difícil competir em um mercado mundial em que há enorme excedente; esse excedente corresponde a quase 16 vezes a produção brasileira e a 21,6 vezes o consumo no país; e pior que, até 2015, China, Índia e Oriente Médio ainda vão elevar sua produção.
Dificilmente o governo irá reduzir impostos internos, pois a receita da União está fraca. Além disso, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, avisou que não irá renovar a defesa comercial, consubstanciada na resolução 70 da Câmara de Comércio Exterior (Camex). Segundo Mello Lopes, o ministro considera que a desvalorização do real vai dar mais competitividade ao aço brasileiro, mas o dirigente rebate a afirmação. Destaca que o carvão importado sobe com o dólar e, quanto ao minério de ferro, embora o produto seja nacional, é cotado com base no mercado externo. Assim, não se vê saída para o problema, a curto e médio prazos.
O instituto prevê alta de 3,8% no consumo, em 2014, mas, ultimamente, as expectativas nacionais têm sido revistas, sempre para baixo. Por fim, Mello Lopes deu uma informação que preocupa a todos os brasileiros, que sempre sonharam em ver o país como produtor de itens de alto valor agregado: na década de 80, a indústria de transformação chegou a representar 35,9% do Produto Interno Bruto (PIB); essa proporção despencou para 19,2% em 2003 e hoje está em apenas 13,3% do PIB.
Fonte: Monitor Mercantil/Sergio Barreto Motta
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