Depois de vender 7% do capital para a gestora de fundos gaúcha CRP Companhia de Participações, em dezembro, a Medabil, fabricante de estruturas metálicas para instalações industriais, comerciais e logísticas, edifícios e obras de infraestrutura, prepara-se para tirar do papel antigos projetos e chegar ao fim de 2015 com um faturamento bruto de R$ 2 bilhões, o dobro de 2012. O plano prevê investimentos de R$ 300 milhões em expansão orgânica e aquisições nos próximos dois anos, diz o presidente César Bilibio, de 41 anos.
Parte do programa de expansão da empresa, que tem duas unidades industriais em Nova Bassano (RS), uma em Chapecó (SC) e outra em Serra (ES), representa a concretização do sonho acalentado ainda pelo fundador e pai de César, Attilio Bilibio, que morreu no desastre do voo 3054 da TAM em Congonhas, em julho de 2007. Ele inclui a abertura de capital e a instalação de uma unidade no exterior, passos que deverão ser dados nos próximos dois a três anos.
O valor da participação vendida à CRP não foi divulgado, mas ficou em torno de R$ 60 milhões, e os recursos serão utilizados para bancar parte dos investimentos. A empresa também utilizará caixa próprio, financiamentos e está avaliando a possível emissão de bônus ou debêntures. Conforme Bilibio, a Medabil tem dívida líquida inferior a uma vez o lucro antes dos juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda), que alcançou R$ 170 milhões no ano passado.
Conforme o empresário, a entrada da CRP vai contribuir no aprimoramento da governança da companhia e na preparação para a abertura de capital. O conselho consultivo já foi transformado em conselho de administração e teve ampliado de seis para sete o número de integrantes, com a entrada do sócio-diretor superintendente da gestora, Clóvis Meurer. O grupo inclui ainda César, a irmã dele, Lires, que é a presidente, o tio Arlindo e três membros independentes.
A Medabil está dividida em quatro unidades de negócios. A maior delas, que representa 60% do faturamento, dedica-se à construção de instalações industriais, logísticas e comerciais. Em 2010 a empresa também adquiriu a Açotec, de Chapecó (SC), voltada para o setor de infraestrutura e obras pesadas, e há um ano botou em operação a unidade "multiandares", em Serra (ES), especializada na construção de edifícios metálicos. Há ainda uma unidade de prestação de serviços com base em São Paulo (SP).
"Temos planos estratégicos de crescimento para cada unidade de negócios", afirma Bilibio. Conforme Meurer, da CRP, a estratégia poderá incluir a aquisição ou associação com empresas do setor em outras regiões do país, como Nordeste, e o ingresso em segmentos complementares, como a produção de revestimentos e sistemas de refrigeração. "Devemos ir para o Nordeste, de onde estamos mais distantes", reforça o presidente da companhia.
No mercado externo, que no ano passado respondeu por 20% do faturamento, a ideia é estabelecer uma base física até 2015 em algum país da América Latina. A Argentina está descartada, devido aos entraves comerciais que praticamente "zeraram" as vendas para o país vizinho, afirma Bilibio. "Temos alguns namoros, mas ainda não há definição", diz. Além dos clientes latino-americanos, a Medabil exporta sobretudo para a América Central, África e Turquia.
Segundo Meurer, a ideia é tornar a empresa "multinacional" e as oportunidades de operação no exterior incluem países como Colômbia, Peru, México e Venezuela. Ele também não descarta a possibilidade de firmar associações na Europa e nos Estados Unidos, que possam agregar tecnologias e acesso a novos mercados.
No ano passado, apesar da desaceleração da economia brasileira, o faturamento da Medabil cresceu 30% sobre 2011 graças às obras para instalação de montadoras de automóveis (como a planta da Nissan em construção em Resende, no Rio de Janeiro) e sistemistas, além de shopping centers e centros de distribuição para o setor de varejo. Para 2013, um terço da capacidade de processamento de 150 mil toneladas por ano já está contratado, também puxado pelo varejo, e Bilibio aposta na retomada de projetos de infraestrutura, principalmente por conta dos programas de concessão de rodovias e portos do governo federal.
Fonte: Valor Econômico/Sérgio Ruck Bueno | De Porto Alegre
PUBLICIDADE