RIO - O diretor do Fundo Monetário Internacional (FMI), Alejandro Werner, disse hoje, que a desaceleração do crescimento econômico e da demanda chinesa resultou em uma sincronizada perda de ritmo em todos os países emergentes. O fundo projeta crescimento médio anual para o PIB da região de 2,9% nos próximos cinco anos, quase 1,5 ponto percentual inferior ao estimado na década anterior.
Segundo ele, a situação econômica da região é um reflexo da desaceleração econômica de seus principais parceiros comerciais e da queda dos preços das matérias-primas no mercado internacional.
"A América Latina tem crescido muito perto do seu PIB potencial, e segue sendo uma região que investe pouco, tem baixa produtividade e, daqui pra frente, terá menor crescimento da oferta de mão de obra", afirmou Werner, que participa de seminário do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV) com o tema “A América Latina e as Novas Condições Econômicas Mundiais”.
Ele mencionou que, após a crise internacional de 2008, os governos da América Latina implementaram políticas fiscais muito agressivas que não foram revertidas nos anos seguintes, a despeito dos sinais de recuperação econômica. "O gasto público ficou mais agressivo, agravando a situação fiscal. Se as medidas eram contracíclicas, a lógica [diz] que já teriam que ter sido revertidas", afirmou.
Para o diretor do FMI, o incremento das taxas de juros em nível escala mundial, esperada para os próximos anos, ainda afetará a América Latina e sua capacidade de atrair recursos internacionais. Ele acredita ser mais difícil hoje se beneficiar da exportação de matérias primas como forma de incrementar a demanda agregada.
Werner questiona como a região conseguirá ter ganhos de produtividade se a força de trabalho não for mais um fator tão importante. "Me parece que a questão da produtividade nos países da América Latina está atrelada a [investimentos em] infraestrutura, educação e desburocratização para facilitar os negócios", disse.
"Em 2011, projetávamos que o crescimento da região, em 2014, seria 5 pontos porcentuais maior do que o atual. Revisamos de maneira importante a recepção de investimentos externos, as exportações - e consideramos a queda drástica dos investimentos nos últimos anos", disse.
Fonte: Valor Econômico/Elisa Soares
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