A injeção de R$ 8,43 bilhões anunciadas na quarta-feira pelo governo federal para a compra de máquinas e equipamentos pesados deixou, nos setores contemplados, a sensação de que será mais uma medida “paliativa” e “insuficiente” para frear a desindustrialização. O pacote eleva os investimentos previstos em 2012 pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) de R$ 42,6 bilhões para R$ 51 bilhões e reduz a taxa de juros de longo prazo (TJLP), incidente sobre empréstimos do Bndes, de 6% ao ano para 5,5% ao ano.
Apesar de reconhecerem o empenho no conjunto de projetos, lideranças setoriais apresentam as mesmas ponderações e chamam a atenção para a falta de medidas estruturantes capazes de atacar carências de longo prazo, como o alto custo logístico, a falta de competitividade e a desnacionalização da cadeia produtiva de máquinas e equipamentos agrícolas.
“É uma ação muito bem-vinda, pois estimula o consumo dos bens de capital. Junto com a fase 2 do Plano Brasil Maior e a redução da TJLP. Entretanto, é importante ressaltar que são insuficientes para reativar com força a cadeia produtiva da indústria de transformação brasileira, desintegrada nos últimos oito anos em razão da valorização do real”, resume o diretor-secretário da Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Carlos Pastoriza. Para ele, a soma de todos os anúncios federais ainda se demostra pouco eficaz para atacar o que considera um processo de “desindustrialização silenciosa”.
O presidente do Sindicato das Indústrias de Máquinas Agrícolas do Rio Grande do Sul (Simers), Cláudio Bier, amplia as constatações. “O maior problema nunca é atacado. Um dos fatores que privilegia os produtos estrangeiros é que na comparação com os Estados Unidos, por exemplo, o custo logístico é responsável por apenas 8% do PIB, enquanto no Brasil a parcela chega a 20% do PIB”, ressalta Bier.
O presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul (Simecs), Getúlio da Silva Fonseca, esteve reunido, nesta quinta-feira em São Paulo, com representantes do governo e da indústria automobilística. “Temos a expectativa de maior estabilidade a partir do quarto trimestre, que pode gerar um acúmulo de pedidos entre janeiro e março do próximo ano. Por isso, os reflexos virão apenas em 2013”, considera o industrial, que acredita na criação de novas vagas de emprego para compensar as 2,6 mil demissões registradas entre novembro do ano passado e maio deste ano no município gaúcho.
Fonte: Jornal do Commercio (RS)
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