O ministro Blairo Maggi (Agricultura, Pecuária e Abastecimento) e a embaixadora norte-americana no Brasil, Liliana Ayalde, trocaram as Cartas de Reconhecimento de Equivalência dos Controles de Carne Bovina, que marcam a abertura de mercado para carnes in natura entre os dois países. A cerimônia, no Palácio do Planalto, ontem, contou com a presença do presidente em exercício, Michel Temer, e do ministro das Relações Exteriores, José Serra, além de parlamentares ligados à agropecuária e de representantes do setor produtivo. A partir de agora, frigoríficos de Mato Grosso e mais outros 13 estados estão aptos a fornecer cortes bovinos para o mercado mais exigente do mundo.
Conforme a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (ABIEC) estarão habilitados a exportar carne in natura aos Estados Unidos, Mato Grosso, Bahia, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Rondônia, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe e Tocantins) e do Distrito Federal.
PUBLICIDADE
Mato Grosso detém o maior rebanho de bovinos do país, 29 milhões de cabeças e é o segundo maior exportador, só perde para São Paulo. No ano passado foram exportadas 298 mil toneladas de equivalentes carcaças (TEC). Países da União Europeia, Oriente Médio e a China são atualmente os maiores compradores da carne bovina mato-grossense.
Durante o ato que selou o acordo ontem em Brasília, Temer comemorou o fato de a abertura do mercado norte-americano elevar a produção na cadeia produtiva da carne bovina e, em consequência, contribuir para a geração de emprego no setor. “Um dos fundamentos da nossa Constituição é que o Estado tem que fazer o possível para manter a dignidade da pessoa humana e é disso que se fala quando o assunto é gerar empregos.”
Blairo Maggi ressaltou que o reconhecimento norte-americano será um facilitador para o Brasil conquistar outros mercados, além do norte-americano. “Muito mais do que a possibilidade de mandar milhares de toneladas para os Estados Unidos, é a chance de vendermos também para outros países”. O ministro disse ainda que a meta é aumentar a participação brasileira no mercado internacional de produtos agropecuários dos atuais 7% para 10%.
Já o ministro Serra lembrou que a abertura do mercado norte-americano vem sendo negociada desde 1999. “É resultado de 17 anos de esforço, levado sempre adiante pelo Mapa, Itamaraty e pelos produtores de carne”.
O presidente da Aniec, Antônio Jorge Camardelli, destacou que a decisão atende à demanda e necessidades do setor e resulta do empenho e esforços conjuntos entre todos os elos da cadeia produtiva da carne bovina e, em especial, dos técnicos do Ministério. “Tudo indica que os embarques devem ter início em setembro”.
A abertura norte-americana à carne bovina brasileira in natura, além de ampliar as exportações, chancela o produto brasileiro na busca de novos mercados. A afirmação foi do vice-presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), José Mário Schreiner. “Os Estados Unidos são hoje uma das principais referências mundiais em exigências sanitárias para importação de carne bovina, balizando muitas vezes as análises de outros países, o que pode ajudar o governo brasileiro em negociações para embarcar o produto para outros destinos. É um avanço muito grande para buscar mercados exigentes, porque vai valorizar nosso produto e mostrar que temos produto de primeira linha”, destacou Schreiner.
AS COTAS - Pelo acordo, o Brasil poderá vender carne in natura (fresca e congelada) para os norte-americanos e os EUA também terão direito de comercializar o produto para o mercado brasileiro. Isso porque os dois países seguiram os procedimentos de avaliação técnica independentes, concluídos no mesmo período.
Os norte-americanos estabelecem cotas de importação para os países aptos a vender para eles. Segundo a Secretaria de Relações Internacionais do Agronegócio (SRI) do Mapa, o Brasil entra agora na cota dos países da América Central, que é de 64,8 mil toneladas por ano, com tarifa que varia de 4% a 10% dependendo do corte da carne. Fora da cota (sem limite de quantidade), a tarifa é de 24,6%.
Os Estados Unidos são os maiores produtores e consumidores de carne bovina in natura. O Brasil é o segundo maior produtor mundial e o maior exportador. No primeiro semestre deste ano, as vendas externas brasileiras chegaram a US$ 2,22 bilhões (ou 571,5 mil toneladas). No período, os maiores compradores foram Hong Kong (U$ 393 milhões), China (U$ 365 milhões), Egito (US$ 329 milhões), Rússia (US$ 181 milhões) e Irã (US$ 168 milhões).
Fonte: Diario de Cuiaba/MARIANNA PERES