Quanto mais o nível das águas do rio Mississippi desce, maior a influência desse problema sobre as cotações do milho na bolsa de Chicago, já que a rota é uma das principais vias de escoamento de grãos dos Estados Unidos.
Seca nos EUA muda cenário do milho
A baixa das águas, provocada pela falta de chuvas no Vale do Rio Ohio e no Alto Mississippi, já interrompeu o tráfego comercial e de cruzeiros fluviais em diversos pontos abaixo de Illinois, e os preços para o transporte de mercadorias mais do que dobraram em questão de poucas semanas.
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Segundo informações da Dow Jones Newswires, um número sem precedentes de barcaças está encalhando em bancos de areia. Em muitos portos e docas, a profundidade das águas já não é suficiente para as embarcações comerciais poderem atracar com segurança.
“Se fecharmos, a América vai fechar”, disse Mike Ellis, CEO da American Commercial Barge Line, com sede em Indiana. Segundo o executivo, a bacia hidrográfica do rio Mississippi passou a registrar, pelo menos duas ou três vezes por dia, rompimentos nos cabos que ligam os reboques e as barcaças que eles conduzem.
O Corpo de Engenheiros do Exército dos Estados Unidos iniciou uma dragagem de emergência em vários pontos do rio para aprofundá-lo o suficiente para que o tráfego comercial seja retomado, afirmou Lisa Parker, porta-voz do órgão no Vale do Mississippi. “Não há chuva à vista. Os rios estão acabando”, disse ela à Dow Jones Newswires.
Mínimas históricas
Outubro é tradicionalmente um mês de águas em nível baixo no Mississippi, que inundou e encolheu ao longo dos anos, dependendo dos padrões climáticos e das condições de seus afluentes. Mas os níveis deste ano estão se aproximando de mínimas históricas estabelecidas em 1988, de acordo com operadores de barcaças.
Assim, realçou a Dow Jones Newswires, o custo para enviar uma tonelada de milho, soja ou outro grão do sul de St. Louis para o sul da Louisiana atingiu US$ 105,85 por tonelada no dia 11 de outubro, segundo dados compilados pelo Departamento de Agricultura dos EUA (USDA). Em 27 de setembro, eram US$ 49,88, e em 5 de outubro de 2021, US$ 28,45.
Agricultores e fábricas no centro dos EUA estão correndo para garantir vaga no transporte pelo rio ou encontrar rotas alternativas de escoamento. As ferrovias, outra opção importante para grãos e outros produtos secos, geralmente são mais caras e, neste ano, não conseguiram contratar trabalhadores suficientes para atender à crescente demanda.
O “fator Mississippi” ainda pode ser considerado um coadjuvante em Chicago, mas daqueles que os traders não perdem de vista na tela. E é no mercado de milho que ele aparece com mais força, em meio aos riscos de recessão, à guerra na Ucrânia, às oscilações do dólar e do petróleo e aos reflexos do clima sobre as lavouras dos EUA.
Nesta sexta-feira, os contratos futuros mais negociados do cereal fecharam a sessão em baixa de 1,2%, a US$ 6,8975 por bushel. As cotações tiveram leve queda ao longo da semana passada.
Fonte: Valor