são paulo - Empresários e empresas brasileiras respondem ao interesse canadense pelo País com investimentos, abertura de empresas e compra de companhias no setor de mineração do Canadá.
Frente a crise financeira que assolou o mundo entre 2008 e 2009, o governo canadense mudou seu foco comercial, que era de aproximadamente 80% com os Estados Unidos, e iniciou a busca por novos mercados para alavancar sua economia.
"A vocação natural do Canadá, que move a economia, tem similaridade com alguns pontos fortes da economia brasileira como siderurgia, mineração e agronegócios. Além disso, o Brasil vem crescendo, ganhando destaque no mercado internacional e atração frente às outras economias", disse Ivan Boeing, analista de mercado internacional. "Este é um processo natural, ou seja, as empresas estão mais globalizadas e procuram novos mercados e novos parceiros. Nesse contexto, o Brasil é uma saída. É uma boa motivação", acrescentou Boeing.
"Os canadenses começaram a investir no País em resposta ao movimento brasileiro. Nesse pacote veio a possibilidade de alavancar relações comerciais e o lucro das empresas. Os empresários brasileiros responderam a altura e começaram a busca por setores promissores no Canadá, que hoje são o de mineração e agronegócios", relatou com exclusividade uma fonte do setor.
A Bolsa de Toronto (bolsa de valores exclusiva para o setor de mineração e energia) é o principal mercado de captação de recursos para empresas de mineração e energia com foco em pesquisa e desenvolvimento, na qual, a compra de ações para investimentos é mais rápida e mais alta frente aos demais países.
"Ao emitir ações eles conseguem recursos, pois os investidores estão acostumados a comprar desses setores e sabem que o retorno é garantido. A bolsa oferece uma grande capacidade de recursos e o sistema é muito atualizado", frisa a fonte.
O aumento na participação das empresas canadenses no Brasil deu-se por meio das pequenas e médias companhias do país, que participam de grandes cadeias produtivas no Brasil como a da Vale e Petrobras, por possuírem tecnologia diferenciada e específica na fabricação de determinados produtos.
Segundo dados do Banco Central, em 2010 foram investidos pelos canadenses por meio dos Investimentos estrangeiros diretos (IED) no capital de mercado brasileiro o total de US$ 742 milhões. Contudo, somente em janeiro desse ano, o montante somado é de US$ 256 milhões - 1.322% superior aos US$ 18 milhões registrados em janeiro de 2010.
"Os investimentos diretos canadenses no País estão em crescimento. O número do acumulado de 2011 deve ser pelo menos 20% superior ao de 2010, e a tendência é de alta nos próximos anos", analisa Boeing.
Empresas foram a Toronto para participar da quinta edição do Brazil-Canadá at PDAC 2011. O evento é considerado o mais importante da indústria da mineração mundial.
O DCI apurou que representantes do Ministério das Minas e Energia do Brasil, do Ministério de Recursos Naturais do Canadá, da Vale no Canadá, da MBAC Fertilizer Corporation, da Rio Novo Gold e da DFAIT realizaram nos dias 7 e 8 de março reuniões fechadas para discutir e fomentar novos investimentos.
Interesses
A última aquisição anunciada no mercado canadense foi feita pelo empresário Eike Batista ao arrematar por cerca de US$ 1,5 bilhão o controle da mineradora canadense Ventana Gold, empresa que detém ativos de ouro na Colômbia. A Aux Canadá, de Eike, já tinha 20% da empresa e com a operação fechada, passa a deter 91% do capital total.
Já a Vale assinou recentemente acordo com a EDC (Export Development Canada, agência oficial de crédito à exportação do Canadá) - correspondente do brasileiro BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) - para o financiamento em infraestrutura de projetos voltados à exportação, no valor de até US$ 1 bilhão. Outro setor que teve incremento de 30% nos interesses brasileiros em 2010 frente a 2009 foi o de turismo, de acordo com as informações da Canadian Tourism Commission.
Fonte: DCI/Karina Nappi
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