O aumento do minério de ferro da Vale, a vigorar no primeiro trimestre de 2011, poderá variar entre 4% e 9%, sobre os US$ 131,9 praticados no último trimestre. Esse valor depende do frete a ser aplicado. Segundo especialistas, se a Vale usar um frete de referência de US$ 21 a tonelada, o preço vai a US$ 143,7 e o reajuste fica na casa dos 9%. Se utilizar o frete de US$ 27,5, mais próximo ao que vem vigorando no mercado, o novo preço será de US$ 137,9 e o aumento ficará no patamar de 4%.
O preço do frete é um redutor dentro da fórmula Iodex, usada pela Vale para calcular o reajuste trimestral do minério de ferro exportado. Além do frete, a fórmula inclui a média no mercado à vista chinês do trimestre anterior e o prêmio de qualidade para o minério. O preço médio do 'spot' chinês no trimestre de setembro a novembro, usado como referência para o preço Iodex do primeiro trimestre de 2011, foi de US$ 149,5 a tonelada, ante US$ 137,3 no quarto trimestre.
Ontem, indagado sobre notícia de alta de 4% no minério de ferro no início de 2011, divulgada pela agência Reuters, o presidente da Vale, Roger Agnelli, disse que acredita que as exportações do produto da companhia não sofrerão impacto no volume embarcado com novo aumento no preço do insumo. "O preço é sempre a resposta de uma demanda; estamos tendo um 2010 muito bom e projetamos um 2011 muito positivo em relação à demanda".
O executivo falou durante a inauguração do Memorial Minas Gerais, um museu que será mantido pela Vale em um prédio histórico da capital mineira.
Os analistas preveem que a demanda por minério continuará extremamente aquecida e assim deve permanecer no próximo ano. O fato é confirmado pelo preço do minério no mercado livre da China, que continua subindo este mês e chegou ontem a US$ 167 a tonelada. O valor é superior ao preço estimado para os contratos da Vale no primeiro trimestre de 2011.
Se o mercado à vista se mantiver nos níveis atuais (de US$ 167), no segundo trimestre de 2011, o minério da Vale pode subir em até 12%, projetam especialistas do setor mineral. Nesse cenário, com essas premissas mantidas até o fim do periodo de calculo do proximo trimestre, a Vale pode acumular um aumento medido pelo Iodex entre 20% e 21% no primeiro semestre de 2011.
Este ano, a oferta de minério não vem se expandindo o suficiente para cobrir a demanda. O mercado transoceânico de minério deve transportar 1 bilhão de toneladas. Para 2011, a perspectiva é de haver um déficit de 10 milhões entre oferta e procura do produto. A alta da demanda é estimada por analistas em 70 milhões de toneladas, ante crescimento da oferta de 60 milhões. Foi criado um aperto no mercado para o ano que vem de 10 milhões de toneladas, equivalente a 1% do volume comercializado este ano no mercado transoceânico.
O cenário favorável ao minério não se repete na indústria siderúrgica, maior demandante da matéria-prima. A situação difícil vivida hoje pela siderurgia, altamente estocada e com preços em queda, aponta para a necessidade de um ajuste no mercado de matérias-primas utilizadas pelas usinas de aço. A ArcelorMittal voltou a defender o retorno do reajuste anual do minério durante uma conferência em Londres. "Eu defendo fortemente que a indústria de mineração reflita sobre a política de preços e desenvolva uma opção para nós comprarmos parte de nossos volumes a preços anuais", disse Michael Pfitzner, vice-presidente executivo de coordenação comercial da maior siderúrgica do mundo. (Colaborou César Felício, de Belo horizonte)
Fonte: Valor Econômico/Vera Saavedra Durão | Do Rio
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