RIO - A secretária de comércio exterior do Ministério do Desenvolvimento, Tatiana Prazeres, afirmou que a pasta espera alcançar média diária de exportações acima de US$ 1 bilhão em maio. “Nossa expectativa é de média diária acima de abril”, afirmou. No mês passado a média foi de US$ 978,3 milhões.
A projeção otimista para este mês foi motivada pelo valor recorde na média de embarques, registrado na primeira semana do mês, de US$ 1,25 bilhão. Para a secretária, o dólar ajudou, mas não foi a única razão de o país ter alcançado a melhor marca de 2012.
“Vários fatores explicam a média diária alta. Os produtos básicos contribuíram”, disse, em referência ao aumento do valor das commodities, especialmente da soja. “Mas houve crescimento em todas as categorias na última semana.” Mesmo assim, Tatiana lembrou que “o impacto positivo [da alta] do dólar é pequeno, mas se faz sentir na balança [comercial] do país”.
BNDES não dará incentivos à Argentina
Tatiana negou que o governo brasileiro usará o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para incentivar a economia argentina. Segundo ela, o que poderá ser feito é o financiamento de exportações para a Argentina ou ações para apoiar os importadores do país vizinho na compra de produtos brasileiros. “Isso poderia desbloquear nossas exportações para lá”, disse.
Uma das duas opções, segundo ele, poderá ser negociada em conjunto com os argentinos. “No entendimento de que haveria um desbloqueio das nossas vendas para lá”, afirmou. E ressaltou que ainda não há nada de concreto nesse sentido. “A Argentina hoje representa um grande desafio para o Brasil” no comércio exterior, disse Tatiana.
O país vizinho é hoje o terceiro maior mercado das exportações brasileiras, com pouco menos de 10% de participação na pauta de vendas externas, e um importante destino para os produtos manufaturados do Brasil.
Para a secretária, 2012 será um ano difícil em função da crise internacional. Mas os números recentes apontam para uma recuperação da balança comercial. “Nossa expectativa é de que o comércio exterior brasileiro cresça 3,1% [neste ano]”, disse Tatiana, reafirmando que o ministério espera que as exportações brasileiras alcancem US$ 264 bilhões.
Sem onda protecionista
Ela criticou a afirmação do comissário de Comércio da União Europeia (UE), Karel de Gucht, de que haveria uma onda de protecionismo na América Latina. Para ela, a situação no continente não é anormal, pois em momentos de crise os países tendem a se tornar mais protecionistas. Os europeus, segundo ela, “são muito protecionistas no comércio agrícola e têm dificuldades em liberalizar esse mercado.”
Tatiana afirmou que as negociações para um acordo bilateral de comércio entre Mercosul e União Europeia vêm avançando e que a próxima etapa é a apresentação de oferta pelos dois lados. E acredita que as negociações podem avançar ainda mais a partir de julho, quando o Brasil terá a presidência rotativa do Mercosul, atualmente liderado pela Argentina. “Desde que os europeus demonstrem abertura para negociar aspectos que nos interessam [aos sul-americanos]”, ressaltou. Produtos agrícolas e salvaguardas para indústria nascente estão entre os “aspectos importantes da negociação, a respeito dos quais não há clareza sobre a flexibilidade do lado europeu”, disse a secretária do Ministério do Desenvolvimento.
Fonte: Valor Econômico
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