O plano nacional de armazenagem de produtos agrícolas do Brasil, que visa corrigir um déficit histórico da capacidade de armazenar produtos como soja e milho, deverá apresentar seus primeiros resultados no ano que vem, afirmou no sábado (22) o ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro, no intervalo de um seminário em Campinas.
"Toda a crise que enfrentamos, a crise agora, foi por falta de armazenamento de muitos e muitos anos. Quero que no próximo ano tenhamos menos dificuldades, porque talvez já tenhamos uma armazenagem mais adequada para as eternas carências brasileiras", afirmou ele, em entrevista a jornalistas. Questionado, o ministro não especificou qual é o déficit atual de armazenagem.
Com maior capacidade de armazenagem, produtores podem, por exemplo, aproveitar os melhores momentos do mercado para comercializar o seu produto. Além disso, problemas como os registrados em Mato Grosso, onde o milho por vezes é armazenado a céu aberto, poderiam ser evitados.
Segundo o ministro, a presidente Dilma Rousseff já aprovou a linha de financiamento para estimular a construção de armazéns. "A linha de crédito já está autorizada pela Presidência, é uma ajuda que tem dois anos de carência, nove anos para pagar e um juro negativo", disse ele, antes do início do Fórum Nacional do Agronegócio, promovido pelo Grupo de Líderes Empresariais (Lide).
O ministro não falou em volume de recursos que estariam envolvidos nos financiamentos. "Dinheiro não tem faltado e não vai faltar, não tivemos uma crise de todo setor em que me dissessem 'faltou dinheiro, ministro'. Temos o maior plano safra da história do Brasil, temos o menor juro de todos os tempos, e estamos tendo recorde em cima de recorde de produção", disse ele, ressaltando que o país precisa "corrigir a questão do armazenamento e a infraestrutura".
De acordo com Mendes Ribeiro, o governo poderá credenciar armazéns, em parceria público-privada, para atenuar o problema, um dos principais do agronegócio do Brasil, uma potência agrícola.
O ministro revelou também que está providenciando algumas licitações emergenciais de projetos, no âmbito do plano nacional. A autoridade disse que está conversando com governadores para tentar lidar com o problema. "O governador de Mato Grosso, por exemplo, fez levantamento do que precisaria para ter armazenagem para toda a sua produção. Tenho armazéns da Conab ocupados, eu preciso liberá-los para que possam ser utilizados pela produção de Mato Grosso, o mesmo ocorre em Santa Catarina, o mesmo ocorre no Paraná."
O ministro admitiu ainda a possibilidade de vender armazéns em áreas que não há um aproveitamento pleno, para aplicar os recursos em regiões com maior demanda. "Estamos visitando unidade por unidade no Brasil, quais podem ser aproveitadas, quais podem ser vendidas, as que forem vendidas, como no Rio, eu vou usar os recursos em novos armazéns."
Fonte: Reuters / Roberto Samora
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