A ArcelorMittal, maior siderúrgica do mundo, informou tentará elevar o preço do aço em 10% este ano para preservar o lucro, embora espere que a demanda enfraqueça na maior parte do mundo. "Nós precisamos de um reajuste de 10% nos negócios à vista para reproduzir o nível de lucro do segundo trimestre", disse o presidente da empresa, Lakshmi Mittal, ao "Wall Street Journal".
A empresa, que fechou o segundo trimestre com lucro líquido de US$ 1,7 bilhão, ante prejuízo líquido de US$ 792 milhões um ano antes, está indo na direção contrária de outras siderúrgicas. Mittal disse que o aumento de preços é necessário para cobrir os altos custos das matérias-primas.
Mittal disse que renegociou alguns de seus contratos com montadoras. "Em alguns casos para os novos contratos, tivemos sucesso em repassar nossos custos mais altos da matéria-prima", disse. A ArcelorMittal afirmou que os custos do minério do ferro estão subindo desde o início do ano. Os preços do minério aumentaram 9% no segundo trimestre, em comparação com o primeiro.
De uma forma geral, os preços vinham subindo graças à recuperação da economia mundial e ao fortalecimento da demanda no mundo todo. Mas as siderúrgicas elevaram a produção rápido demais, o que causou uma queda nos preços do aço, especialmente no mês passado. Dependendo do mercado ou tipo de produto, os preços do aço encolheram cerca de 8% a 10% nas últimas semanas. Alguns analistas de siderurgia esperam que os preços continuem caindo no terceiro trimestre e, talvez, também no quarto trimestre.
Tentar elevar preços quando a demanda está começando a se desaquecer é arriscado. Os rivais podem cobrar valores mais baixos. A ArcelorMittal acredita que a indústria vai reduzir a produção para ajustar a oferta à demanda e manter os preços firmes. A Arcelor paralisou três altos-fornos na Europa e três nos EUA, mas deve reativar em Indiana porque a demanda permite, disse ele.
Mittal admitiu que este é um ambiente difícil para reajustar preços. "Este será o nosso desafio", disse, explicando que um grupo de executivos vai procurar os clientes e explicar a situação de custos.
Os preços do aço variam bastante. No caso do aço carbono laminado na Europa, um dos maiores segmentos de negócio da Arcelor e usado pela indústria automotiva, os preços ficaram em média em US$ 776 por tonelada no segundo trimestre, 2,5% acima do primeiro.
Mittal disse que já percebe sinais de enfraquecimento no mercado, à medida que o consumo na China cai e os compradores europeus reduzem a demanda, em parte por causa do desaquecimento sazonal e por conta da letargia geral da economia.
A utilização da capacidade, ou a taxa geral de produção de cada usina, deve cair no terceiro trimestre para cerca de 70%, informou a empresa. No segundo trimestre, a empresa estava trabalhando com até 78% da capacidade. No primeiro trimestre, a ocupação era de 72%.
De uma forma geral, as usinas precisam utilizar 60% da capacidade para atingir o equilíbrio financeiro. Uma taxa de produção de 70% não oferece muito espaço para o lucro e Mittal disse que a empresa vai tentar anular os efeitos das taxas mais baixas de utilização com preços mais altos do aço.
Mittal não espera que o desaquecimento na China seja prolongado. Ele prevê que o consumo global de aço esteja caminhando para crescer 10% nos próximos anos. O mundo consome cerca de 1 bilhão de toneladas de aço por ano.
As operações da ArcelorMittal nos Estados Unidos estão mais fortes em comparação às europeias, disse Aditya Mittal, diretor financeiro da empresa. Ele falou que a utilização da capacidade nos EUA vai na realidade aumentar, por causa dos planos de reativar um alto-forno. "O desaquecimento do verão é mais pronunciado na Europa que nos EUA", acrescentou.
As siderúrgicas europeias têm disparado alarmes sobre a demanda de aço e a queda dos preços. Na semana passada, elas informaram que o segundo trimestre será o ponto mais alto dos lucros no ano.
Nos EUA, as siderúrgicas estão relatando aumento dos estoques e afirmando que vão cortar a produção se a demanda não se recuperar em breve. A US Steel, maior dos EUA por produção, apresentou prejuízo de US$ 25 milhões no segundo trimestre, o sexto seguido de perdas.
A sul-coreana Posco, terceira maior siderúrgica do mundo, e a japonesa Nippon Steel, quarta maior, alertaram que seus lucros cairão no ano, com preços mais baixos para o aço e demanda menor da China.
Volumes e preços mais altos no segundo trimestre contribuíram para que as vendas da ArcelorMittal aumentassem para US$ 21,7 bilhões, 43% acima do registrado no mesmo período de 2009 e 16% mais do que no primeiro trimestre. As entregas de aço subiram 6%, para 22,8 milhões de toneladas, ante 21,5 milhões no primeiro trimestre.
A empresa também informou que está estudando o desmembramento da sua unidade de aço inoxidável para atacar o problema de excesso de capacidade na Europa.
(Fonte: Valor Econômico/Robert Guy Matthews, The Wall Street Journal
/Colaborou Devon Maylie)
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