Marcus D’Elia, da Leggio, avalia que manutenção da diferença de preços aumenta risco, considerando demanda estável no país, consumo dos estoques operacionais, limitação na capacidade de refino e redução da importação.
A nova troca de comando na Petrobras, anunciada segunda-feira (23), explicita o desejo do governo federal de usar a empresa para conter a alta dos preços da gasolina e do diesel. A avaliação é do sócio-diretor da Leggio Consultoria, Marcus D´Elia, que observa tendência de flutuação do preço do petróleo em torno dos US$ 100 por barril, nos próximos meses. Ele identifica um crescimento do preço do diesel e da gasolina em relação ao preço do petróleo, o que pode significar novos aumentos nestes produtos. O consultor acrescentou que não há tendência de valorização do real frente ao dólar.
“Nestas condições, se houver um intervalo longo, de 100 dias ou mais, para reajuste de preços pela Petrobras, haverá aumento da defasagem entre o preço da Petrobras e o PPI (Preço de Paridade de Importação)”, analisou D’Elia. Ele avalia que a manutenção da diferença de preços aumenta a possibilidade de desabastecimento de diesel no Brasil, causado pela combinação de quatro fatores principais: demanda estável no país, consumo dos estoques operacionais, limitação na capacidade de refino e redução da importação.
Na noite da última segunda-feira (23), a Petrobras informou que recebeu ofício do Ministério das Minas e Energia, solicitando a convocação de uma assembleia extraordinária para destituição e eleição de membro do conselho de administração, indicando Caio Mario Paes de Andrade, para o lugar de José Mauro Ferreira Coelho na presidência da empresa. Em nota, o MME associou a mudança de presidente da companhia à necessidade de manter as condições necessárias para o crescimento do emprego e renda dos brasileiros.
Uma das principais críticas é sobre a política de preços da empresa que, por atuar em um mercado de commodities, utiliza o critério de paridade de preços com o mercado internacional. Coelho foi eleito em assembleia no último dia 13 de abril e ficou cerca de 40 dias no cargo, pressionado pelo governo em relação à política de preços de combustíveis, principalmente após a saída de Bento Albuquerque do comando da pasta de Minas e Energia. Albuquerque havia indicado Coelho para o cargo. Caso aprovada pela assembleia geral, prevista para esta quarta-feira (25), a troca também implicará na destituição dos demais membros do conselho eleitos em abril.
Currículo
Caio Mario Paes de Andrade (foto) é atualmente secretário especial de desburocratização, gestão e governo digital do Ministério da Economia. Andrade tem formação em Comunicação Social pela Universidade Paulista, pós-graduação em Administração e Gestão pela Harvard University e Mestre em Administração de Empresas pela Duke University. No ano 2000, fundou a WebForce Ventures, responsável pelo desenvolvimento de mais de 30 startups. Em 2019, Andrade passou da iniciativa privada para a área pública. Foi ainda presidente do SERPRO até agosto de 2020, quando passou a fazer parte do Ministério da Economia.
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