PINDAMONHANGABA - O contrato de ampliação da maior unidade de produção de alumínio laminado da Novelis foi assinado ontem com a Siemens AG, mas a empresa, que faz parte do grupo indiano Aditya Birla, já planeja uma nova ampliação para os próximos anos. Com isso, a companhia poderá dobrar a sua capacidade de produção instalada para 800 mil toneladas do produto ao ano. O laminado de alumínio da Novelis é utilizado principalmente para a fabricação de latas de bebida, mercado em que a empresa possui 15% de participação no Brasil e cerca de 20% em todo o mundo.
Segundo o presidente mundial da Novelis, Phil Martens, que esteve no Brasil ontem para o evento, o início dos trabalhos da primeira fase de expansão da produção consumirá um valor aproximado de US$ 300 milhões até 2012. O foco da empresa está justamente no mercado de laminados e, por isso, ela não prevê aportes adicionais em outras unidades que possui no Brasil.
Além do negócio de laminação, a Novelis conta com mais três unidades no País. Duas delas, a de Aratu (BA) e a de Ouro Preto (MG), produzem o alumínio primário, atividade que é eletrointensiva. Já a terceira planta da companhia está localizada em Santo André (SP), onde são fabricadas folhas de alumínio que são utilizadas no mercado de embalagens, em isolamento térmico, radiadores automotivos e revestimentos para cabos elétricos, entre outras aplicações. Apesar disso, a unidade que recebeu os recursos para a expansão da produção é a maior das fábricas que a empresa mantém no País, tendo sido originalmente construída há três décadas, pela Alcan.
"O Brasil possui uma das maiores oportunidades de crescimento do mundo. As condições econômicas, associadas a eventos como Copa do Mundo e Olimpíadas, fazem do País um local positivo para investir", disse Martens, que reiterou a importância do anúncio de investimento, feito em maio deste ano. "Esse é o maior aporte que a Novelis fez no mundo nos últimos cinco anos."
De acordo com o presidente da Novelis para a América do Sul, Alexandre Almeida, do valor total investido pela multinacional, US$ 100 milhões serão destinados às etapas de construção civil e montagem da estrutura que abrigará o novo laminador. Essa máquina será a responsável pela adição de 200 mil toneladas na capacidade da fábrica, que atualmente é de 400 mil toneladas ao ano. "A nova capacidade faz parte da primeira fase da expansão de nossa fábrica e o laminador poderá ter sua capacidade de produção elevada em pouco tempo para chegar a 320 mil toneladas. Mas essa decisão ainda não foi tomada: ela depende das condições do mercado", esclareceu Almeida, que apontou o mercado nacional como o principal alvo da Novelis para escoar a produção.
Almeida não revelou o valor que a empresa pagou pelo laminador à Siemens, mas, segundo ele, foi a maior parcela dos US$ 200 milhões restantes que a empresa está investindo. Boa parte da matéria-prima que a empresa utiliza atualmente vem da sucata reciclada na fábrica própria do interior paulista. Para atender a esta expansão, a Novelis também ampliou a reciclagem de latas de alumínio. Até o mês de janeiro de 2011 a companhia terminará a ampliação de sua capacidade de processar 150 mil toneladas de latas ao ano para 200 mil toneladas ao ano. Nessa atividade foram investidos outros US$ 15 milhões.
Energia
O presidente da subsidiária local da Novelis afirmou que a empresa não avalia, neste momento, voltar a investir na produção de alumínio primário. Segundo ele, o custo da energia inviabiliza a produção local por qualquer empresa do setor.
"Não há ninguém expandindo a produção desse produto. Isso se explica pelo custo da energia, já que esta atividade, diferentemente da laminação, é eletrointensiva", afirmou ele. "Dentre os países em que a Novelis atua, a energia elétrica do Brasil é a mais cara. Comparada ao preço pago na Coreia e nos Estados Unidos, o insumo, que é tão importante quanto a bauxita, chega a ser duas vezes mais caro, isso em função do seu custo em associação a alta carga tributária, que é utilizada para subsidiar os consumidores de baixa renda e o sistema termoelétrico da Região Norte", afirmou o executivo.
Almeida disse que para investir em uma nova planta de produção de alumínio primário a empresa pode até mesmo investir em uma nova central hidroelétrica, assim como já possui em Minas Gerais, que fornece cerca de 70% de toda a demanda de energia da unidade mineira. "Vale a pena investir em uma usina, pois o custo desse insumo é importante para manter a competitividade da companhia."
Fonte: DCI/MAURÍCIO GODOI
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