A Odebrecht Óleo e Gás suspendeu o pagamento de juros dos bônus perpétuos que deveria ser feito ontem. A empresa decidiu entrar no período de cura de 30 dias - prazo em que pode fazer o pagamento sem que isso seja considerado quebra de contrato.
O pagamento de US$ 9,6 milhões que deveria ter sido feito corresponde à remuneração de 7% da emissão de US$ 550 milhões em bônus perpétuos. Com isso, os papéis atingiram a mínima em um ano no mercado secundário, negociados a 13% do valor de face.
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De acordo com uma fonte próxima à operação que preferiu não ser identificada, a empresa está em negociações com os detentores de outros bônus, com vencimento em 2022, e, até que chegue a uma conclusão ou avance no processo, a intenção é preservar o fluxo de caixa para manter as operações funcionando. Para tanto, a Odebrecht Óleo e Gás decidiu por não fazer o pagamento dos juros da outra emissão e usufruir do período de 30 dias de cura. A expectativa é que a negociação com outros credores avance nesse período.
A empresa do ramo de petróleo e gás emitiu em meados de 2013 dois bônus corporativos por meio da Odebrecht Offshore Drilling Finance (OODF), uma sociedade de propósito específico (SPE) criada nas Ilhas Cayman. A primeira emissão de dívida foi feita no valor de US$ 1,5 bilhão e tem prazo de vencimento em outubro de 2022. O outro título teve valor inicial de US$ 541 milhões e também vence em outubro de 2022.
A garantia desses bônus eram os navios-sonda da Odebrecht Óleo e Gás que eram alugados pela Petrobras. Em setembro do ano passado, a petroleira encerrou o contrato do navio-sonda ODN Tay IV. A estatal alegou que o período de manutenção foi maior do que 30 dias, que era o prazo previsto.
Esse navio era usado como garantia dos bônus com vencimento em 2022 e, sem o contrato de uso, isso poderia dar aos investidores dos títulos a possibilidade de vencimento antecipado dos papéis. Não há, no entanto, interesse dos credores em antecipar a dívida e as partes negociam uma saída.
"Durante esse período de cura, a OOG seguirá em negociações construtivas com seus 'stakeholders' e continuará avaliando todas as alternativas com o objetivo de fortalecer sua posição financeira de curto e longo prazos em meio ao cenário adverso vivido pela indústria de óleo e gás mundial", disse a empresa em comunicado.
Fonte: Valor Econômico/Daniela Meibak | De São Paulo