Pegando embalo no fortalecimento das fontes renováveis de energia, o grupo Omega tem a ambição de construir cerca de 1 gigawatt (GW) em usinas neste ano, alimentando o crescimento de sua unidade de geração, que vem em trajetória agressiva de expansão do portfólio desde a realização do IPO, em 2017.
Para viabilizar novos projetos de grande escala, a companhia fechou no último ano uma série de contratos de longo prazo no mercado livre de energia, com Cargill, Ingredion e grupo Mateus. Nesta semana, agregou mais uma parceria, com a Bayer.
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Com duração de 10 anos, o contrato de compra e venda de energia (PPA, no jargão setorial) atenderá 100% do consumo da Bayer no Brasil, fornecendo energia para oito unidades a partir de 2024. Estima-se que o acordo ajudará a evitar emissão de 100 mil toneladas de CO2. Os volumes de energia e valores envolvidos no contrato não foram revelados.
O negócio fechado com a Bayer compõe um “mix” de PPAs que a companhia elétrica usará para colocar de pé empreendimentos eólicos ou solares. “Hoje, imaginamos que [o projeto da Bayer] será composto com fornecimento de energia eólica, mas nada impede que haja uma participação de solar”, explica Fabiana Polido, diretora comercial da Omega Energia.
Fundada em 2008, a Omega tem a gestora Tarpon e o fundo Lambda 3 no seu bloco de controle (37,05% do capital social total). O grupo tem uma estrutura diferenciada: todos os projetos “greenfields” (novos) ficam sob a responsabilidade da Omega Desenvolvimento, dedicada à prospecção e implantação dos ativos. A unidade tem, em carteira, 2 GW em projetos prontos para iniciar construção, aguardando apenas a contratação da energia.
Já a Omega Geração, que é listada na B3, carrega no portfólio apenas empreendimentos operacionais, incorporados da Omega Desenvolvimento ou comprados de outras elétricas. Desde o IPO, em 2017, a empresa multiplicou em mais de sete vezes seu parque gerador, passando de 255 MW para 1.869 MW em usinas eólicas, solares e pequenas centrais hidrelétricas (PCHs).
Além da incorporação de projetos da Omega Desenvolvimento, o grupo também tem sido ativo no mercado secundário: no ano passado, comprou um conjunto de eólicas da Eletrobras, no Rio Grande do Sul, e também virou sócia da EDF Renewables em eólicas na Bahia. “Estamos sim avaliando novas aquisições, é nosso DNA como investidora em energia limpa”, diz a executiva.
Embora seja uma plataforma focada em energias renováveis, de diferentes fontes, a companhia tem preferência por projetos eólicos e solares. “Em termos de escala, teríamos que ir para uma grande hidrelétrica, que não é o nosso caso. Mas às vezes aparecem, sim, oportunidades de PCHs para avaliar”, afirma.
No momento, a Omega também está se preparando para a construção de Assuruá 4, um parque eólico localizado em Xique-Xique (BA) que terá 215 MW de potência instalada. A expectativa é de conclusão no primeiro trimestre de 2023.
O grupo tem ainda um braço de comercialização, que vem ganhando destaque nas operações. Em setembro do ano passado, a comercializadora lançou uma plataforma digital para capturar clientes do “varejo” elétrico, ou seja, pequenas empresas com carga entre 0,5 MW e 3,0 MW que foram autorizadas a migrar para o Ambiente de Contratação Livre (ACL). Segundo os últimos dados disponíveis, a plataforma já tinha pelo menos 322 usuários, e rendido R$ 78 milhões em energia transacionada.
Após a publicação desta matéria, a empresa informou que houve equívoco em uma declaração e esclareceu que o montante de 1 gigawatt (GW) de usinas renováveis mencionados se referem a projetos em desenvolvimento, não em construção.
Fonte: Valor