A Organização dos Países Produtores de Petróleo (Opep) reduziu sua previsão de crescimento da demanda por petróleo pelo segundo mês consecutivo em 2019 e rebaixou suas projeções para o crescimento econômico global nesta quarta-feira, citando as desacelerações das economias dos EUA e da zona do euro, além de tensões comerciais contínuas entre os EUA e a China.
Em um relatório mensal, a Opep disse que espera que o crescimento da demanda global de petróleo diminua ainda mais, reduzindo sua estimativa de 2019 para 1,02 milhão de barris por dia.
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O corte representa uma redução de 80 mil barris por dia em relação à previsão publicada em agosto, quando estimou o crescimento da demanda global de petróleo em 2019 em 1,1 milhão de barris por dia. O grupo atribuiu o corte a dados mais fracos do que o esperado nos centros de demanda globais e cortes nas projeções de crescimento econômico.
Além de reduzir as perspectivas para 2019, a Opep cortou sua previsão de crescimento da oferta para 2020 para 1,08 milhão de barris de petróleo por dia, o que também atribuiu ao menor crescimento econômico previsto. Além das tensões comerciais entre EUA e China, o grupo apontou crescimento abaixo do esperado na Índia, questões sobre a dívida soberana argentina e incertezas em relação ao Brexit.
O preço do petróleo bruto Brent, a referência mundial, subiu 6,3% desde o início de setembro, enquanto os futuros do WTI avançaram 8%.
Fora da Opep
O cartel elevou sua previsão de crescimento de oferta para 2019 para países não-Opep para 1,99 milhão de barris por dia, depois que as revisões ascendentes da produção da Rússia, Cazaquistão, Austrália e Canadá superaram um corte no crescimento esperado da produção dos EUA.
Apesar de dizer que fez revisões em baixa da produção dos EUA, a Opep informou que ainda espera que a produção americana seja o principal fator de crescimento para o ano, ao lado de Brasil, China e várias outras nações.
Para 2020, no entanto, o grupo reduziu sua previsão de fornecimento não-Opep para 2,25 milhões de barris por dia, impulsionada por uma grande revisão em baixa do fornecimento de petróleo dos EUA, onde o crescimento estimado é de 1,54 milhão de barris por dia.
O relatório não forneceu um total oficial da produção das nações pertencentes à Opep, mas mostrou um aumento da produção da Arábia Saudita, que subiu 209 mil barris por dia em agosto, revertendo uma queda na produção em julho, enquanto a produção na Venezuela e no Iraque aumentou 27 mil e 30 mil barris de petróleo por dia, respectivamente.
A Opep não está sozinha ao reduzir as previsões de crescimento da demanda e da oferta de petróleo. Na terça-feira, Fatih Birol, diretor executivo da Agência Internacional de Energia, confirmou que a AIE cortará sua previsão de crescimento da demanda de petróleo pela quarta vez em cinco meses, quando divulgar seu relatório mensal de mercado na quinta-feira.
No entanto, apesar de reduzir sua previsão para as perspectivas econômicas globais, a Opep descreveu a demanda por petróleo como sólida, "dadas as muitas incertezas que derivam principalmente da arena política".
Fonte: Valor