RIO - O orçamento geral do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para desembolsos em 2015 é da ordem de R$ 170 bilhões, afirmou ontem, quarta-feira, Nelson Siffert, superintendente para a área de infraestrutura da instituição financeira. O valor representa uma queda de 9,4% em relação ao montante desembolsado em 2014, de R$ 187,8 bilhões, que já havia sido 1% inferior ao contabilizado em 2013.
“[O orçamento geral para 2015] está apontando para cerca de R$ 170 bilhões. Você tem aí uma perspectiva de a infraestrutura ser em torno de 40% do orçamento global do banco”, afirmou o executivo, durante o Congresso anual da Associação Brasileira de Private Equity & Venture Capital (ABVCAP), no Rio de Janeiro. Segundo ele, a queda do orçamento para desembolsos em relação ao totalizado em 2014 se deve a uma estratégia de haver uma menor participação do Tesouro Nacional e um maior suporte do mercado de capitais. “A ideia é o banco não depender de suporte do Tesouro. E não tendo um orçamento que possa crescer de forma elástica, é fundamental que o mercado de capitais se some ao esforço do banco para financiar a infraestrutura”, explicou Siffert.
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De acordo com o executivo, para o setor de infraestrutura, a expectativa de desembolsos este ano é da ordem de R$ 60 bilhões, em linha com o desembolsado no ano passado. Com relação especificamente à área de energia e logística, a meta é desembolsar cerca de R$ 33 bilhões, com uma alta de mais de 10% em relação ao ano passado. Em 2014, os desembolsos para a área de energia totalizaram R$ 19 bilhões. Já os projetos de logística receberam R$ 11 bilhões. Para 2015, a expectativa, segundo Siffert, é que energia mantenha o desembolso de R$ 19 bilhões e a área de logística receba um valor maior de recursos, de R$ 14 bilhões.
Durante sua apresentação no congresso, Siffert disse que a carteira de infraestrutura do BNDES possui hoje 399 projetos, em diversas etapas de financiamento (66% aprovados e/ou desembolsados, 27% em análise e 7% em carta-consulta) totalizando um apoio do banco de R$ 199,6 bilhões e investimentos totais de R$ 362,6 bilhões. Siffert também contou que, até hoje, já foram feitas operações de emissões de debêntures de infraestrutura de 32 projetos, com um valor total captado de R$ 8,376 bilhões. Desse total, o BNDES comprou cerca de R$ 1 bilhão. O executivo reafirmou que o banco pretende lançar este ano um fundo lastreado pelas debêntures de infraestrutura adquiridas pela instituição financeira.
A ideia, segundo ele, é que participem do fundo pessoas físicas e instituições. Lava-Jato Os impactos da Operação Lava-Jato, da Polícia Federal, não farão o volume de desembolsos para o setor de infraestrutura caírem este ano, afirmou Siffert. “Pode ter algum impacto, mas não está sendo impacto que faça o desembolso cair este ano”, disse o executivo.
Segundo ele, a situação financeira de algumas empresas envolvidas na Lava-Jato fará com que elas se desfaçam de alguns projetos, o que poderá atrair novos investidores. O executivo, no entanto, disse que a preocupação do banco é unicamente com a perenidade dos projetos. “Observamos que muitos desses empresários estão se desfazendo desses ativos, colocando os ativos à venda. Então há um processo que permitirá oportunidade de investimentos para investidores”, disse.
Siffert acrescentou, porém, que os desdobramentos da Lava-Jato inviabilizaram a continuidade de um projeto de infraestrutura na carteira do BNDES. Ele, no entanto, não revelou o empreendimento, nem de qual setor ele pertence. O executivo afirmou apenas de que se tratava de uma concessão. Siffert disse ainda que o desembolso para o projeto ainda não havia sido feito. Fonte: Valor Econômico/Rodrigo Polito