De Bruxelas - A missão econômica belga que visitará o Brasil tem também como objetivo atrair empresas brasileiras que estão se internacionalizando. Acena com seus portos, como o de Ghent, no centro da Europa, e sobretudo com impostos quase inexistentes.
Oficialmente, o país tem a mais alta taxa sobre as empresas na Europa, de 33,99%, comparado a 29% na Alemanha e 33% na França. Mas o arsenal de deduções e subsídios é tão grande que, se o investidor estrangeiro utilizar tudo isso, acaba é recebendo até 3,4% do que deveria ter pago.
Nathalie Cogghe, assessora da Agência de Investimentos e Comércio da região de Flandres, diz que companhias do agronegócio e de logística brasileira estão em contatos com ela. Mostra um livro de 40 páginas com to o tipo de dedução e diz que na Europa, na verdade, o principal concorrente não é país com taxa menor, e sim a Valônia, a região belga de língua francesa.
Com desemprego de 18%, a Valônia tem ainda mais subsídios para obter a instalação de empresas em seu território. Pierre Heymanns, da Agência de Investimentos e Comércio da região, diz que a companhia pode descontar os custos com construção, recebe ajuda em função dos empregos criados e a despesa com patentes também pode ser descontada.
"Estou convencido de que as empresas brasileiras só têm a ganhar aqui", diz. E dá o exemplo de uma companhia da Coreia do Sul, que acaba de fechar contrato para se instalar na região. Vai produzir algo em que os belgas são especializados: chocolate. Com o 'made in Bélgica', vão exportar o produto para clientes praticamente já acertados na Ásia.
A Bélgica está numa campanha agressiva para atrair investimento externo e ao mesmo tempo obter mais fatias de negócios no estrangeiro, porque seu mercado é pequeno. São 10 milhões de pessoas. A produção é três vezes maior do que o necessário para o consumo interno.
Assim, o país se tornou um dos maiores exportadores do mundo. Foram € 210 bilhões em 2009, quase o dobro das vendas do Brasil. Uma das receitas é importar matéria-prima e nos portos mesmo processar o produto e reexportá-lo. A companhia espanhola de "moda rápida" Zara faz a pintura de suas coleções em seu entreposto de Ghent.
"Acho que somos bons tanto para exportar como para atrair investidores", diz Isabelle Laverge, da Agência de Exportação de Bruxelas, a terceira região do país. (AM)
Fonte: Valor Econômico/
PUBLICIDADE