Com um calendário de novas licitações de blocos exploratórios definido até 2019, o Brasil não está sozinho na tentativa de atrair investimentos das petroleiras. Segundo a Wood Mackenzie, além da 14ª Rodada e dos leilões do pré-sal, existem outras 25 licitações previstas até abril de 2018, no mundo. A avaliação da consultoria é que o Brasil melhorou sua atratividade desde o ano passado e que a oferta de novas áreas chega numa "janela de oportunidades crítica", no contexto global, para que o país se posicione como um produtor relevante de petróleo na próxima década.
De acordo com a WoodMac, a demanda por petróleo deve atingir o seu pico a partir de meados da próxima década e países de todo o mundo entraram numa corrida para ver quem terá papel de protagonismo no abastecimento do mercado global. Segundo o chefe da consultoria no Brasil, Pedro Camarota, este é o momento para que o Brasil explore seus recursos.
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"Nesse horizonte, o Brasil precisará se posicionar sobre qual o seu papel no suprimento. Se não destravarmos essas áreas e mapearmos nossos recursos, se não licitarmos essas áreas agora, elas certamente não vão entrar em produção na próxima década. Isso significa que o Brasil vai eventualmente produzir esses barris quando o mercado estiver declinando e as margens sejam menores", avalia o consultor.
Segundo Camarota, a percepção sobre o ambiente de negócios no Brasil melhorou muito desde o ano passado, a partir de medidas como a flexibilização da política de conteúdo local e o fim da exclusividade da Petrobras na operação do pré-sal. A Wood Mackenzie, no entanto, destaca que o Brasil não está sozinho no mercado e que muitos outros países ao redor do mundo têm ajustado seus termos fiscais, na tentativa de atrair investimentos.
Na avaliação da consultoria, a instituição de um calendário de rodadas até 2019 e a materialidade das reservas do pré-sal são os principais atrativos do mercado brasileiro, enquanto as incertezas em torno do processo de licenciamento ambiental são pontos negativos.
A Wood Mackenzie estima que ainda existem cerca de 22 bilhões de barris a serem descobertos no pré-sal - dez bilhões a mais que as reservas provadas do país, segundo a Agência Nacional de Petróleo (ANP). Os ativos abaixo da camada de sal, no Brasil, de acordo com a consultoria, estão entre os mais competitivos hoje no mundo.
"É difícil imaginar um outro lugar com esses recursos. E não é uma questão só de volume, é de produtividade também. É muito difícil encontrar lugares com uma produtividade tão significativa, o que faz do pré-sal muito econômico. Os volumes são grandes, têm escala", destaca o diretor de Pesquisa, Horacio Cuenca.
Segundo a consultoria, as próximas rodadas da ANP servirão para medir a atratividade do mercado brasileiro e se os termos fiscais estão bem ajustados. No entanto, segundo a empresa, o principal desafio do setor no Brasil não está na atração de petroleiras interessadas, mas na capacidade da indústria de entregar os projetos.
"Há descobertas pequenas e médio porte que têm dificuldades de serem viabilizadas e correm muito mais risco de ficar no subsolo. Na margem equatorial, por exemplo, as bases logísticas são distantes, não há infraestrutura logística, é muito mais complexo", comenta Cuenca.
Fonte: Valor