Consolidado como exportador de frutas e derivados na pauta brasileira já a alguns anos, o Ceará tem, na opinião de líderes do setor e atores da exportação nacional, o desafio de incluir os pequenos e médios produtores da fruticultura do Estado na comercialização para fora do País. É a partir daí que o presidente do Instituto Frutal, Euvaldo Bringel, disse está a oportunidade de aumentar a participação de 15,7% do volume enviado de frutas para fora do Brasil, conquistada no ano passado.
"Facilitando o acesso ao pequeno e médio e levando ele para conhecer o mercado internacional - mesmo que ele não vá exportar naquele ano -, ele vai e ver que é possível fazer o que os outros (produtores) fazem e ver também que não é tão caro", destacou Bringel.
A observação se deu na manhã de ontem, quando foi apresentado o plano bianual voltado ao setor fruticultor pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimento, a Apex-Brasil. Na ocasião, o representante Marcos Monteiro destacou o apoio no planejamento e nas ações de divulgação dos produtos brasileiros no exterior a partir de feiras e degustações em parceria com grandes mercantis. Ele ainda contou de atividades previstas para a Copa das Confederações e a Copa do Mundo de Futebol, em 2013 e 2014.
Programas focam grandes
No entanto, das 140 empresas brasileiras que participam do projeto desde a última edição, há dois anos, apenas 5 são do Ceará. "A Apex tem que investir com incentivos como este, sem dúvida, mas temos que fazer programas que beneficiem às pequenas empresas", opinou Bringel.
De acordo com ele, a maioria das ações em curso na atualidade foca os grandes empresários. Ele ainda chegou a citar como exemplo o caso da exportação de melão do Ceará, a qual, segundo o presidente do Instituto Frutal, tem concentrada mais de 80% da pauta de exportação em cinco grandes produtores.
Para Monteiro, a participação dos pequenos e médios empresários, na conjuntura atual, faz parte da "normalidade do mercado". Segundo argumentou, "os (produtores) de maior porte com interesse em exportar, já estão exportando", o que torna o envolvimento dos menores consequência.
Falta informação
Também presente à ocasião, o gerente de Negócios Internacionais do Banco do Brasil, Leandro Cordeiro, despejou a responsabilidade da ausência de pequenos e médios produtores cearenses na pauta de exportação à falta de informação. Ele disse que falta articulação com federações industriais e entidades representativas para atrair mais empresas e garantiu ações em curso do BB para sanar este problema.
Financiamento x burocracia
Já o presidente do Instituto Frutal afirma que, "de maneira em geral, os financiamentos para exportação têm recursos disponíveis, agora, ter acesso aquele crédito é outra história".
Ele chegou a comparar com a inserção dos pequenos e médios produtores de frutas e afirmou que o primeiro está mais evoluído, mas ainda sofre com acesso e com a burocracia.
Apoio de especialista é fundamental para acesso
A necessidade de uma logística que atenda às exigências internacionais também foi ressaltada na manhã de ontem no evento promovido pela Apex, quando a vice-presidente da Câmara Brasil-Belga-Luxemburgo, Madeleine Onclix, aconselhou os pequenos e médios produtores a procurarem a ajuda de profissionais especializados para os auxiliar em todo o processo de exportação.
Na ocasião, ela ressaltou a atuação do Porto de Antuérpia na distribuição de cargas em toda a Europa e falou que "o modo moderno de exportar" vai do fabricante ao destino final e, por isso, "é necessário um especialista. E o custo compensa".
União e volume
Outra dica de Madeleine é a união dos pequenos produtores objetivando a exportação. "Obrigatoriamente eles têm que se unir pois, para exportar, precisa volume. O comprador lá fora não vai importar um contêiner de vez em quando, ele exige uma constância", diz. Para ela, falta discernimento deles para separarem a concorrência no mercado nacional da parceria para o mercado internacional.
Fonte: Diário do Nordeste / Armando de Oliveira Lima
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